A Folhinha
 
Recebi em 18/10/2023
 
 


A FOLHINHA
Eliana Ellinger

Pelo mundo que eu seguia,
rastreando uma razão,
vento uivante me empurrava,
era lama, apenas lama,
o caminho que eu pisava...
A mata que era florida,
os passarinhos que cantavam
seus hinos, o suave sereno que
embalava as madrugadas,
a sombra das árvores
onde eu descansava,
o sol que iluminava o dia...
Nada, nada mais existia !
Caiam folhas dos galhos,
como cartas de baralhos
espalhadas pelo chão,
pareciam meus sonhos
sem nenhuma direção.
Estendi as mãos
procurando ajuda para
esquecer as mágoas e sepultá-las
junto a meus tolos versos,
dar-me os sentimentos inversos,
calar-me a voz e tornar-me muda
nas palavras de amor...
Mas trouxe o vento uma folhinha
que, voando igual andorinha,
pousou na minha mão.
Comecei a admirá-la...
Deixei meus dedos tocá-la...
Em suave som ouvia, palavras
que dizia querendo me ajudar...
Era assim como falasse no cantar
de um bem-te-vi,
desfazendo a tristeza que
em saudades consumi,
pois nela vi tua imagem
como um desenho em croqui .

Hazorea.il, 25/11/2005



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