Poema em Branco e Preto


Símbolo sagrado da superstição.
A glória, em sua essencialidade,
veste-se com tuas alvinegras cores
quando deseja a vida festejar...

Berço de imortais talentos, foi no
traçado imperfeito das pernas mais
perfeitas do mundo que o futebol
encontrou a sua expressão mais
lírica e pura...

E um coral de milhares de vozes, em êxtase,
gritou: - Mané!
E a bola, sorridente, respondeu: - Olé!

Em nossa Humana Enciclopédia, ficaram
registrados os momentos sublimes de arte
e paixão... E por onde ele corria, a relva
sorria em sua verde demonstração de real
prazer.

Na realidade da loucura, Heleno reviveu
os mais sublimes atos de amor ao delírio.
Elegância e tragédia revestiram-se de branco
e preto para definir sua imortal figura...

Teu fascínio, Fogão, ainda menino me cativou.
Em alguns momentos, jovem ainda, escrevemos
juntos alguns versos da nossa doce história...

E pela tua sagrada grama eu corria, sonhador,
com um olho na história e outro na bola...

Hoje, Fogão, o meu jogo vai chegando ao fim...
A antiga paixão, no entanto, insiste em comigo
seguir. Ela, ainda jovem. Eu, nem tanto...
Aprisionado em minhas serenas rugas, só me
resta a tua história contar...

No agitar frenético das bandeiras, toco a bola,
cadencio o jogo... A partida está ganha!
Das arquibancadas chega a confirmação da
glória eterna...

Tu és o Glorioso, não podes perder, perder prá
ninguém...

Solitária Estrela. Somente quem te ama, de fato,
pode compreender o teu mágico existir!
Como, sendo apenas uma, tantas paixões podes
guardar?


Domingos Alicata
Rio de Janeiro - RJ -
26/02/2007




Fundo Musical: Hino do Botafogo 
 

 

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