Louco amor


Silêncio.

Sinto o nascer de um novo amor.

Envolvido por incomum desejo,
permaneço calado, meditativo.
Expectativa de nova emoção...

Meu corpo, silente, descansa em
um bar. Minha alma, emotiva, tenta
se envolver na cumplicidade da noite.
Bocas articulam palavras ocas como
se mudos fossem seus personagens.

Que seja permitido ouvir apenas o som do
leve deslizar dos seus pés na areia macia.

O murmúrio das ondas que, dóceis, se
entrelaçam em seus passos, também
poderá ser ouvido. Que o nosso primeiro
beijo, longo e ardente, se refugie no brilho
das estrelas mais distantes.

O prenúncio de uma paixão me fascina...

Como por encanto, ela surge bela e solitária.
Em princípio, misteriosa, finge não me ver.
Alguns passos adiante, lentamente se vira e
lança um olhar sedutor.

Corro. Tento abraçá-la, mas entre os meus
braços sua figura se dissipa e, resignado,
entendo que no meu louco devaneio
apaixonei-me por uma ilusão...

Domingos Alicata
Rio de Janeiro - RJ - 23/08/2004



 

 

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