Meu doce e cativante
Inverno, companheiro
de grandes jornadas, o que fazes ai fora,
tristemente agarrado à minha janela?
Por que este
olhar triste e distante?
Ultrapassa esta frágil barreira de vidro
e envolva-me com o teu velho abraço...
Puxa uma
cadeira e brindemos aos meus antigos
e inesquecíveis amores. Nas artimanhas do teu
olhar, relembremos velhas paisagens...
Árvores
curvadas sob o peso da tua neve, ondas
gélidas a fustigar meu velho navio, bordéis ricos
em ilusões a embalar minhas frígidas madrugadas
onde, tropegamente feliz, caminhava pelas frias
e nuas ruas do mundo...
E aqueles
alvos corpos, que se envolviam no meu
latino calor em busca de novas definições para o
amor, em meu corpo delirantemente mergulhavam
nas profundas ondas do prazer...
E eu,
navegante do amor, sempre a sorrir com
aquele sorriso consciente da temporalidade da vida.
Abraça-me
Amigo, envolva-me com o teu vento mais
forte e o teu sorriso mais frio para que eu possa sentir
o prazer do teu verdadeiro amor.
E, se
realmente ainda gostares de mim, bebe este
velho vinho que guardei para nós.
Bebamos o suficiente para abraçados sairmos
pela noite, como nos velhos tempos, a cantar uma
vez mais o verdadeiro hino do prazer...
Para que este
velho homem consiga milagrosamente
renascer no amor...
Domingos Alicata
Rio de Janeiro - RJ -
07/08/2010
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