Obs.: Esta Poesia também está na
Página Cirandas - Ciranda do Espelho
Há quantos anos
nos olhamos...
Tu, em inquisitivo silêncio, eu
no diário exercício do analisar
minhas sofridas mutações...
Acariciar
pequenas rugas, esboçar
sorrisos caricatos, vazios. Reviver
o olhar esquecido no brilho natural
da juventude...
No deslizar
suave da lâmina, fica a
saudade do primeiro barbear.
Vaidosa confirmação do homem
que começa a brotar no menino...
Já és um homem!
Brincavam os pais...
Já estás velho! Brincam, agora, os filhos!
O que sou, afinal?
... E entre duas
maneiras de brincar, sinto
que se passou uma vida...
Intuitivamente,
retorno ao espelho e,
como em criança, com um quente soprar,
deixo-o embaçado. Emocionado, com o
dedo nele desenho, lentamente, um coração...
Como fazia ao
pensar nos meus inocentes e
infantis amores...
Domingos Alicata
Rio de Janeiro - RJ - 28/07/2006
Fundo Musical: Alone - Ernesto Cortázar
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