Amo-te, oh noite!

 

Amo-te, oh noite!
Em teus matizes densos,
Tu me dizes de encantos
Tenho fel dos propensos
Insônia dos desencantos

Amo-te, oh noite!
Mesmo eu, amarga e fria
És enigma e feitiçaria
Sou perene açoite...

Amo-te, oh noite!
Meios tons em filigranas,
Sonhos em profusão...
Às meias sombras, tu me enganas.
Eu, em nuances, faço-te confissão...

Amo-te, oh noite!
Negra mudez que me cala,
Ouço-te em versos azuis.
Entendo-te, perco a fala.
Este dom, só tu possuis...

Amo-te, oh noite!
Há vida, tu _ útero noturno
Magia cintilante, cálido ente
Há dor, eu _ centro malcontente
Energia vital desgastada, ser taciturno

Mesmo em paradoxal destino,
Amo-te, oh noite!


Denise Severgnini
Novo Hamburgo - RS


 

 
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