Vazios
 
Recebi em 29/09/2012
 



Preciso constantemente compactar meu coração.

Nesta minha atual passagem, que já se torna diuturna,

vão-se abrindo fendas, com as perdas dos ídolos partidos.

Não cito nomes para não pecar por uma eventual e injusta omissão.

Sejam nossos patrícios ou estrangeiros, todos açulam novas saudades.

São imorredouros e os revemos e ouvimos em filmes ou outras gravações.

Uns, como que num prenúncio de despedida, se recolhem.

Embora vivos, já lhes ofuscam as luzes do proscênio.

É a prematura morte da arte, prenunciando o término de uma estrada.

Cada um que parte, deixa-me choroso e dá-me a impressão

de que estou ficando só. A solidão me abraça e me perco

nas profundezas abissais de uma inevitável depressão.

Passa-me pela boca o gosto salobro das lágrimas vertidas.

Grito em vão à procura de substitutos à altura dos que se foram.

Meu insano berro volta-me no eco do espaço vazio.

Fico sem resposta, sem alento, VOLTO A SENTIR-ME SÓ!

Ary Franco
(O Poeta Descalço)




Fundo Musical: Petite Tristesse - André Gagnon
 
 
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