UM AMOR E UM TANGO! Ary Franco (O Poeta Descalço
)
Em outros
baileslimitei-me a um simples flerte.
Desta vez, em passos lentos, aproximo-me dela.
De soslaio, meio de lado, finge não me ver.
Seguro firme sua mão e puxo-a para mim.
Docilmente ela se entrega ao meu impetuoso convite.
Nada falamos, apenas nos sentimos um ao outro.
Cinjo-lhe pela cintura e inclino seu corpo para trás.
Trago de volta seus lábios para os meus.
Num simulado beijo iniciamos nosso evoluir no salão.
O vestido aberto na lateral deixa sua coxa à mostra.
Imagino o sublime existente a mais, além do mostrado.
Na cadência sensual do tango ergo seu corpo,
tal como a mais suave pluma,
e o deixo descer lentamente colado ao meu.
Nossos lábios quase se tocam e nos excitamos.
Estimulados por Eros temos instintos despertados,
mas se faz necessário dançar nossos corpos ardentes,
sôfregos, mergulhados num imaginário idílio porvir.
Já de há muito queria tê-la em meus braços e
hoje consegui inalar seu sensual olor,
sentir a cálida temperatura de seu escultural corpo,
ofuscar-me no cintilante brilhar de seus verdes olhos.
Prosseguimos em ritmo frenético deslizando
nossos passos pelo tablado, intercalados com volteios
e cortes compassados no espaço disponível.
Quando a orquestra se cala, despertamos de nosso êxtase
e de mãos dadas, deixamos o ar condicionado do salão
e caminhamos para o jardim. Sob as estrelas e banhados
pelo prateado luar, nos quedamos em beijos trocados.
Ao fundo ouvimos outro tango iniciado, mas
permanecemos inebriados pelo viver maior daquele novo
AMOR!
Fundo Musical: Madreselva
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