O sol já se esmaece no poente. A lua não dá o ar de sua graça. Vagando pela rua olho o céu vazio. Nuvens pincelam de cinza o azul. Estou sem qualquer companhia. Abraço-me à inóspita solidão. O sopro da brisa esfria meu corpo. Procuro um chão para pisar, não acho. Minh'alma levita pelo vão do espaço. Pássaros recolhidos em seus abrigos, Mais me entristecem sem seus trinados. Que melancólico final de tarde, Que desesperançado anoitecer... Estrelas titubeiam em aparecer, Com brilhos tímidos, sem alarde. Penso no quão longe ela estará. Quem a abraça, beija e acaricia. Mas sonho que num abençoado dia Ela para mim certamente voltará! Buscando atenuar a dorida agonia Do pranto que me toma de assalto, Procurei cantarolar uma melodia, Mas o cruel silêncio falou mais alto!
Ary Franco |