(Hoje sinto-me assim)
BHoje quero ter vinte e dois anos de idade
Passear assobiando pelas ruas da cidade.
É um privilégio do poeta ser o que quer
Em nossos versos, seja homem ou mulher.
Corpo bronzeado pelo sol, porte atlético.
Passa por mim um pobre velho caquético.
Penso se algum dia chegarei a ficar assim.
Na calçada, uma morena sorriu pra mim.
Dando imediata meia volta, vou atrás dela.
Não deveria andar só, usar de mais cautela.
Olá! Seduziu-me teu sorriso encantador.
Confirme que foi mesmo pra mim, por favor!
Duas quadras daqui existe uma floricultura.
Permita-me oferecer-te uma rosa, bela criatura.
Deste encontro, fique ela sendo uma recordação.
Rogo que aceites este meu pedido, de coração.
Aceito! Longe de mim querer te decepcionar!
A caminho, sentamo-nos na praça, em um banco.
Indaguei seu nome, disse chamar-se Lucimar...
Seu mais novo cativo e admirador, Ary Franco.
Esquecemo-nos da rosa e ficamos a conversar.
Era atraente e sua voz suave, terna e maviosa.
Universitária, despendia todo seu tempo a estudar.
Tivemos outros encontros. Época maravilhosa!
Como a vida é bela. Haja estrofes para compor!
Sou dono do mundo, sou poeta, distribuo amor.
Amanhã comporei outro poema, uma nova ilusão.
Mas fico a mercê de minha diva. A inspiração!
Ary Franco (O Poeta Descalço)
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