Noite quente, deitado no tombadilho, Vislumbro várias estrelas cintilantes, Que jamais tinha observado dantes. O luar banhava-me com seu brilho. Velas recolhidas; águas calmas do mar Que beijavam o casco do meu bravo veleiro, Agitando-o levemente, qual berço a me ninar. Quantas viagens fizemos, fiel companheiro! Em toda a volta, só havia o horizonte. Nada dos lados, nada atrás ou defronte. Junto a mim, ainda com o cabelo úmido, Minha amada, cuja paixão me deixa túmido. Já nos refrescáramos para a viagem seguir Naquelas águas, amenizando nosso calor. Ainda não nos preocupáramos em nos vestir; Ocasião tentadora para fazermos amor. Puxei-a sutilmente mais para perto de mim. Enlaçamo-nos apaixonados, fazendo acontecer. Enquanto não chegávamos ao apoteótico fim, A lua, pudica, atrás de uma nuvem, foi se esconder.
Ary Franco |