FIM DO ESPETÁCULO
Palhaço chorando suas mágoas por dentro,
Enquanto no picadeiro fazes todos rirem.
Cumpres com tua obrigação noite adentro.
Sejam cem ou mais, quantos te assistirem.
É regra no proscênio*, tens que atuar.
O show tem que continuar, não podes parar!
Chora palhaço, supera mais este obstáculo.
Logo ficarás aliviado, no fim do espetáculo.
As luzes se apagam, voltas ao hospital.
Lá está teu filhinho enfermo, passando mal.
Restos da maquiagem ficaram em teu rosto.
Ele te vê e sorri, amenizando-te o desgosto.
Esse sorriso foi a recompensa maior do teu dia.
Trouxestes conforto e um pouco de alegria
Para teu filho, querida e idolatrada criança
Que enche teu peito de inabalada perseverança.
Afaga seus cabelos, diga-lhe quanto o amas.
Amanhã voltas ao circo, nada de dramas...
Terás que sorrir, terás que trabalhar.
O espetáculo tem que continuar...!
Ary Franco
Obs. *Segundo Dicionário Aurélio: proscênio: [Do gr. proskénion, pelo lat. prosceniu.]
Substantivo masculino.
1.Nos antigos teatros gregos e romanos, e também no teatro elisabetano e demais palcos antigos,o espaço de maior dimensão compreendido entre a cena e a orquestra (ou a pla-teia),e onde se verificava a maior parte da ação dramática.
2.A parte anterior do palco italiano (q. v.), de menor dimensão, que vai do pano de boca até o limite com a orquestra ou a plateia: “Fundo branco em geral, nos tectos e caixas dos camarotes,e fundo azul-celeste nas pilastras do arco do proscênio” (João Francisco Lisboa, Obras, IV, p. 603).
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