Saiu pelo mundo querendo nada encontrar. Sem bagagem, sem cousa alguma a carregar. Apenas uma liberdade crescente em seu peito. Buscando viver livre, sem normas e conceitos. Liberto das regras de uma retrógrada sociedade. Fugindo dela com o olhar fixo no distante horizonte. A cada passo, ficava pra trás o vazio dos seus ontens. Caminhar sem parar era o que ditava sua vontade. Levava por companhia apenas uma grande felicidade. A brisa soprava e fazia de seu sonho velas enfunadas. Teve vontade de correr, mas conteve sua ansiedade. Liames finalmente cortados, seguiu à procura do nada. Dias após sua partida, o cansaço bateu-lhe forte. Sentado à beira da estrada, viu seu passado passar. Arquejante, sentiu que seu fim começava a chegar. Então atinou que procurava algo: a própria morte! Deitou-se na terra, a mesma terra que iria lhe cobrir. Sem pompa ou cerimônia, enterrariam aquele indigente. Indigente que deixou de lutar, desistiu de ser gente. Rendeu-se às injustiças, ao desamor e resolveu fugir!
Ary Franco |