À procura do nada

Recebi em 16/09/2017




Saiu pelo mundo querendo nada encontrar.
Sem bagagem, sem cousa alguma a carregar.
Apenas uma liberdade crescente em seu peito.
Buscando viver livre, sem normas e conceitos.

Liberto das regras de uma retrógrada sociedade.
Fugindo dela com o olhar fixo no distante horizonte.
A cada passo, ficava pra trás o vazio dos seus ontens.
Caminhar sem parar era o que ditava sua vontade.

Levava por companhia apenas uma grande felicidade.
A brisa soprava e fazia de seu sonho velas enfunadas.
Teve vontade de correr, mas conteve sua ansiedade.
Liames finalmente cortados, seguiu à procura do nada.

Dias após sua partida, o cansaço bateu-lhe forte.
Sentado à beira da estrada, viu seu passado passar.
Arquejante, sentiu que seu fim começava a chegar.
Então atinou que procurava algo: a própria morte!

Deitou-se na terra, a mesma terra que iria lhe cobrir.
Sem pompa ou cerimônia, enterrariam aquele indigente.
Indigente que deixou de lutar, desistiu de ser gente.
Rendeu-se às injustiças, ao desamor e resolveu fugir!

Ary Franco
(O Poeta Descalço)




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