Vida de brasileiro, não e difícil não! Arneyde T. Marcheschi Todo sábado é sagrado. Lá vai a rapaziada pro campo bater uma bola, depois é já como religião vão pro boteco beber, azucrinar e paquerar. E a mulherada fica logo assanhada... só quer saber de namorar beber, dançar e muito beijar. Garçom... sai uma Antarctica bem geladinha, por favor traz também um copo pra moça bonita aqui do lado. A moça em questão, é uma morenaça... eita que gostosa, rebola que nem um furacão. A música começa a morena samba sem parar, trocando olhares dengosos cheia de mas intenções. Nossa! que rebuliço! chegou o tal de Mauricio, estivador, forte musculoso... bem dotado, um garanhão. Inveja da rapaziada... bracinhos fracos fininhos... xiiii a morena já se passou pro lado do Mauricio cheia de piscadelas, mensagens maldosas, safadas... E vai chegando gente o salão do boteco fica estreito. Até parece aquele tipo de velório bem animado, onde o defunto fica de lado, e o que rola é salgadinhos, piadas e muita cerveja gelada. Quando (o defunto) é moço, ainda aparecem certas moiçolas chorando, desconsoladas... pobres coitadas! Mas se é um veio, coitado! fica lá mesmo sozinho, jogado, fazendo velório pra ele mesmo. Nem as moscas fazem companhia ficam mergulhando no meio das espumas dos copos, até caírem de pileque, oras tá rindo? Mosca também fica de porre sim senhor. Já viu, quando elas começam a rodar daqui, dacolá... até num copo afundar Chega o seu vigário e convida a turma pra rezar pro amigo que já passou pro andar de cima. Copos vazios abandonados cinzeiros cheios de bituca e lá vão eles chorar do lado do amigo no caixão. Mas o pensamento tá longe, tá lá no boteco da esquina ai ai ai, aquele freezer cheio de loirinhas... que delícia! Mal o pobre desce a terra os amigos batem em retirada. Vão pro boteco beber mais umazinha que é pra amansar a tristeza. As moças vão pra casa, lavar os cabelos, passar as roupitas, afinal é sábado e a noite promete... Saiu o salário ontem, a turma pode beber até cair e depois alguém caridoso passa lá e reboca todos. Mas sempre tem um que fica Não vou embora não... fica aí comigo João, vamos tomar a saideira... pega o copo, tropica, que barulhão! O cara caiu da cadeira... bateu o bundão no chão. Simbora João, chega por hoje nada de saideira, senão você fica alí na ladeira. Simbora, que amanhã é domingo tem pelada, tem o flamengo ai ai ai... pobre coitado, ai sim ele vai amargar uma tremenda bebedeira... e ainda por cima fica tão triste tão bebum que esquece até da famosa saideira... Mas depois vem a segunda-feira chega de brincadeira eles tem que pegar no batente nada de ver o sol poente, nem beber café quente. O negocio é traçar um prato de baião de dois, saladinha de chuchu, jiló, tomate e dois disco voador... Ora só, sabe não, o que é esse prato famoso de boteco? disco voador de pobre é ovo frito que deixa aquele bafo tremendo, que só miora mesmo bebendo uma branquinha ou saboreando aquela gostosa da loirinha. Mas nada de saideira que a coisa tá preta, o dólar hoje subiu a ladeira e foi parar lá no Cristo Redentor, que altura! Tô bebo não meu irmão tô é tentando pegar carona no urubu, porque subir até lá encima com a pança cheia de cachaça, num é mole naum... mas brasileiro é tudo de bão, tudo irmão eles até que dividem um naco de pão, mas a danada da safada da branquinha ou loirinha dividem não... é coisa rara, tá ficando cara então cada um come seu quinhão a seco mesmo, afinal o que interessa é o timão que vai fazer bonito hoje no Maracanã. Brasileiro quer ficar rico não. Se tiver mulher, cachaça, pelada praia, carnaval e aquela gelada tá tudo bão! Eita vidão, precisa mais nada não! Tô aqui de copo na mão, olhando a Juliana Paes na televisão, quer mais o que, meu irmão? Assim desse jeito, nem preciso mais de pensar no mensalão... Vitória - E. Santo 10-10-2008 www.vidatransparente.com.br Fundo Musical: Beber, Cair, Levantar A Saia Rodada |