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Pensativa....
Fico a matutar tantas coisas
que ficam sem
respostas, que fico sem entender.
Quisera ser cabocla
de pé no chão, cantando arando a terra
feliz abençoando o pão.
Casada com um peão
quatro filhos para vestir e alimentar,
ganhando poucos tostões,
mas da vida se queixa não. Aos domingos
vestidinhos lavados
alvos, engomadinhos,
nos pés um par de alpargata
era a chic roupa do domingo
todos a caminho da Igreja.
Olhares de passarinho
assustado, fora do ninho.
Nessa vida simples
ela a noite cantava para os filhos e rezava a Ave Maria
agradecendo mais um dia
de saúde e de vida.
Fim de mês, marido recebe
minguado salário,
vai na venda, compra um pedaço de chita
e costura lindos vestidinhos e camisas
para seus filhos, e marido. Não se importa se seu vestido é remendado,
roupa usada da patroa
dos tempos antigos,
que as traças haviam comido.
Pés acostumados a caminhar na terra batida
mas no seu olhar
via a fé, a esperança, alegria
a conformação. Penso com tristeza
que pobre sou eu,
mesmo com meu vestido
comprado nas melhores boutiques,
calçando sandálias altas
de marca famosa, carrego nos olhos
tanta tristeza
que não disfarça a elegância comprada
em finas lojas de paris.
Aquela mulher de pés
descalços é mais alta do que, na sua luta
e grandeza pela
sobrevivência da árdua lida
Me ponho a pensar...
engraçado, hoje somos tão diferentes...
amanhã estaremos
lado a lado esquecidas
numa lápide qualquer
pelos cantos da vida.
Só que o lugar dela está garantido,
na sua vida de pobreza
soube aceitar sem revoltas.
E eu, com todo luxo... posso afirmar que não vivi com mágoas... com ressentimentos....
tão fina... e não sabia
tirar um espinho que me
ferisse o coração, porque não sabia
nem queria aprender
o significado do
real e verdadeiro perdão.
Por isso meus olhos, mesmo
sempre maquiados,
nunca tiveram o brilho
daquela linda cabocla
que caminhava á meu lado
com os olhos brilhantes,
voltados para o céu...
nunca para o chão.
Arneyde T. Marcheschi Vitória - E. Santo 24/01/2007
Versinhos feitos em homenagem a minha babá
mãe Ermelinda, que nunca
vi triste, nem reclamar, e
tem quem diz que meu primeiro sorriso foi para ela...
Talvez naquela época eu
conhecia o verdadeiro amor e a sincera gratidão.
Obrigado Verinha pela lindíssima formatação
beijinhos ternos Arneyde
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