No silêncio da noite Arneyde T. Marcheschi
No silêncio da noite meu coração viaja na escuridão. observa os montes, as estrelas, a lua,
o mundo enfim. Meu coração é como criança
gosta de escalar as montanhas. Subi e desci tantas, com tanto carinho e devoção, mas nunca me questionei
se a felicidade estava no descer ou no subir... La em cima no topo, descobri tantas coisas lindas, olhando para baixo... Aprendi que não são necessários
tantos equipamentos eletrônicos para sobreviver. Basta apenas sentirmos a força do amor, que brota como fontes de águas cristalinas que caem em forma de cascatas
molhando as almas, elas se entrelaçam e aprendem a se amarem, a se quererem, após receberem o balsamo bendito
que vem da seiva sublime do perfume das flores silvestres,
que nascem e florescem sozinhas, um verdadeiro milagre da natureza.
Não feitas pelas mãos dos homens...
Aprendi que não se precisa de armas nem munição, que o mundo precisa apenas e simplesmente de ter fé, muita fé,
ter uma orientação religiosa para poder desarmar os opressores, os inimigos... Acreditar num Ser Superior que habita nossas esferas,
que está dentro de cada um de nós, tentando nos falar de amor... Lá no topo das montanhas que escalo com meu coração, descobri o verdadeiro e real
significado dos sentimentos. Me transformo com a brisa suave que brinca com meus cabelos, volto a ser criança... o frescor do vento de encontro
ao meu rosto, me deixa com a alma leve, como se todo o peso que carrego nos meus ombros ficassem lá, no alto... Meu corpo volita, lépido,
me deixo levar pela plenitude do momento, da doce quietude. Lá, bem no alto, atrás das nuvens descortino um céu azul que me faz transpor todas as barreiras
do real, do irreal, do imaginário. A sublimidade da emoção me convida a ficar, no topo. A não fazer a descida de volta... Mas a voz da realidade,
com autoridade, quebra o encanto levando embora a noite mágica. O dia chega mansamente a paisagem se transforma, o silêncio não mais existe,
ouve-se o barulho, sons ensurdecedores, de máquinas, de homens que destroem o cenário lúdico e inebriante, transformando-o em altos arranha céu...
em grandes Shopping Center... E uma grande nostalgia me invade o coração. O barulho perturba minha mente, me impede de raciocinar,
apenas lembro que devo apressar-me, pois as horas voam as responsabilidades chamam, e meu corpo leve, pela noite maravilhosa da viagem,
se torna rígido, se transfigura, e me vejo sentada á minha mesa de trabalho, em frente a um computador, dando ordens, correndo daqui pra lá, sem parar...
apenas deixando a vida me levar. Tento aprimorar qualidades, arrancar ódio e preconceitos, corrigir defeitos, mas me lembro que é preciso
primeiro buscar a fé, a paz que encontro lá no topo da minha montanha, e trazê-la para baixo.
Mas o difícil é fazer as pessoas acreditarem, que é fácil rever conceitos, corrigir defeitos, despir-se de orgulho e vaidades, apenas escalando uma montanha...
A montanha que fica dentro do nosso coração... mas que muitas vezes a escuridão e o silêncio da noite, não nos permite ouvir, nem enxergar...
Vitória. E. Santo 30/0/42008
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