No silêncio da noite
Recebi da Poetisa em 30/04/2008

No silêncio da noite
Arneyde T. Marcheschi
 

No silêncio da noite
meu coração viaja na escuridão.
observa os montes,
as estrelas, a lua,

o mundo enfim.
Meu coração é como criança

gosta de escalar as montanhas.
Subi e desci tantas,
com tanto carinho e devoção,
mas nunca me questionei
se a felicidade estava no descer
ou no subir...
La em cima no topo, descobri
tantas coisas lindas,
olhando para baixo...
Aprendi que não são necessários
tantos equipamentos eletrônicos
para sobreviver.
Basta apenas sentirmos a força
do amor, que brota como fontes
de águas cristalinas
que caem em forma de cascatas
molhando as almas,
elas se entrelaçam e aprendem
a se amarem, a se quererem,
após receberem o balsamo bendito
que vem da seiva sublime
do perfume das flores silvestres,

que nascem e florescem sozinhas,
um verdadeiro milagre da natureza.
Não feitas pelas mãos dos homens...

Aprendi que não se precisa
de armas nem munição,
que o mundo precisa apenas
e simplesmente de ter fé, muita fé,
ter uma orientação religiosa
para poder desarmar os
opressores, os inimigos...
Acreditar num Ser Superior
que habita nossas esferas,
que está dentro de cada um de nós,
tentando nos falar de amor...
Lá no topo das montanhas
que escalo com meu coração,
descobri o verdadeiro e real
significado dos sentimentos.
Me transformo com a brisa suave
que brinca com meus cabelos,
volto a ser criança...
o frescor do vento de encontro
ao meu rosto, me deixa com
a alma leve, como se todo o
peso que carrego nos meus ombros
ficassem lá, no alto...
Meu corpo volita, lépido,
me deixo levar pela plenitude
do momento, da doce quietude.
Lá, bem no alto, atrás das nuvens
descortino um céu azul
que me faz transpor todas as barreiras
do real, do irreal, do imaginário.
A sublimidade da emoção
me convida a ficar, no topo.
A não fazer a descida de volta...
Mas a voz da realidade,
com autoridade, quebra o encanto
levando embora a noite mágica.
O dia chega mansamente
a paisagem se transforma,
o silêncio não mais existe,
ouve-se o barulho, sons
ensurdecedores, de máquinas,
de homens que destroem
o cenário lúdico e inebriante,
transformando-o em altos
arranha céu...
em grandes Shopping Center...
E uma grande nostalgia
me invade o coração.
O barulho perturba minha mente,
me impede de raciocinar,
apenas lembro que devo
apressar-me, pois as horas voam
as responsabilidades chamam,
e meu corpo leve, pela noite
maravilhosa da viagem,
se torna rígido, se transfigura,
e me vejo sentada á minha mesa de
trabalho, em frente a um computador,
dando ordens, correndo daqui
pra lá, sem parar...
apenas deixando a vida me levar.
Tento aprimorar qualidades,
arrancar ódio e preconceitos,
corrigir defeitos,
mas me lembro que é preciso
primeiro buscar a fé, a paz
que encontro lá no topo da minha montanha, e trazê-la para baixo.
Mas o difícil é fazer as pessoas
acreditarem, que é fácil rever
conceitos, corrigir defeitos,
despir-se de orgulho e vaidades,
apenas escalando uma montanha...
A montanha que fica dentro
do nosso coração...
mas que muitas vezes a escuridão
e o silêncio da noite, não nos
permite ouvir, nem enxergar...

Vitória. E. Santo 30/0/42008

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