Horas amargas

Recebi em 27/02/2007
 



Horas amargas
Arneyde T. Marcheschi

No silêncio da noite
entre o crepúsculo e o dia,
repousa as saudades
invadentes no coração.

Falando da comoção
das grandes aventuras
vividas... hoje transformadas
em duras e cruéis recordações.

Horas amargas
sem ter com quem compartilhar
a febre, a dor, o cansaço,
a exaustão da vida, o lamaçal
onde atolei o corpo, a alma.

Horas tristes, vazias
que passam lentamente
trazem as sombras, os
fantasmas do passado
que perseguem cruelmente,
espargindo maldades,
espadas que cortam,
reabrem cicatrizes,
de velhas chicotadas...

Para que continuar?
Se estou no fim da estrada,
zombando dos meus fracassos,
das minhas desilusões...
dos sonhos que foram abortados
nem chegaram a nascer...

Horas amargas, bandidas
porque passam lentas?
Deveriam ter azas e
a velocidade dos ventos
a carregar-me,
acabar com a inércia,
o maldito sofrimento,
de quem vive no
esquecimento.

Total abandono
fim de estrada
beirando precipícios
no reflexo do sol
o espectro a refletir
o que antes fora
um rosto... um ser humano.

Hoje carcaça carcomida
a espera da sombra
negra que me conduzirá
aos pântanos,
onde enxugarão meu pranto,
ou me condenarão
para sempre a viver
nessa doida e triste
solidão...
duelando, com meu pobre e fraco
coração, cansado de lutar.

Vitória - E. Santo 27/02/2007

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