Ano Novo
Eugénio de Sá
Tu, que na vida me és pesado fardo
Tu, que ousas perturbar o meu sossego
Cuida-te mágoa, porque é teu degredo
Arderes em outro fogo que eu não ardo
Não te levo comigo ao Novo Ano
Já que saudades tuas me não deixas
Outros céus me mostraram que te queixas
Das teimosas manias de um insano
Vai-te, de vez, maldita Hellenah*
Comparsa do qu’angústia diz respeito
Deixa o meu peito aberto aos Orixás**
Que este dois mil e onze é ano feito
Pra reaver do muito que não há; O amor plos demais, ao velho jeito!
* Antiga deusa da tristeza e da noite.
** Os orixás são deuses africanos que correspondem a pontos de força
da Natureza e os seus arquétipos estão
relacionados com as manifestações dessas forças.
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