O Natal sempre foi muito importante para todos nós.
Com a aproximação do mesmo, papai construía a morada da
santa
família, depois de pronta, arrumava o presépio em cima de um
longo Buffet que ficava na sala.
Em volta da
manjedoura, além de José e Maria, eram
co-locados
vários bichinhos, feitos de dobradura de papel (origa-mi) por suas mãos
habilidosas.
Muitas vezes ele andava quilômetros para comprar a
ár-vore mais
bonita. Carregava-a nos ombros e ao chegar em ca-sa, cheio de alegria,
colocava-a num canto bem visível da sala.
Depois de descansar um pouco, ele logo
começava a enfei-tar a
"árvore de Natal". Em alguns galhos colocava bolas de
co-res variadas, em
outros, pequenos flocos de algodão, e em ou-tros,
ainda, garrafinhas de
chocolate embrulhadas em papel co-lorido.
Às vezes ele nos dava uma bronquinha, porque
as garrafi-nhas de
chocolate desapareciam da árvore "misteriosamente", antes mesmo do
dia
25 chegar.
Éramos pobres, mas ele fazia questão de dar a cada um de nós, um
presentinho, por mais humilde que fosse.
Assim, nossa árvore de natal abrigava todos os
anos seis embrulhos. Para que não pegássemos a lembrancinha
errada, ele escrevia nos
presentes o nome em cada um deles.
Em 1968 papai adoeceu gravemente. Com a aproximação do Natal,
ele pediu que comprássemos um pinheiro e continu-ou: "Não
esqueçam de
comprar as garrafinhas de chocolate".
Quebrando a tradição, a árvore e o presépio ficaram em seu quarto.
Como de costume, papai fez mais alguns bichinhos de
do-braduras
e colocou-os no presépio.
Olhando
o pequeno Deus-menino lhe disse: "Olha
os bichi-nhos
que eu fiz esse ano para Lhe fazer companhia,
assim você não fica tão
sozinho".
No dia 24 de dezembro, à meia noite, papai foi para o céu empinar
pipa com o menino Jesus.