Mensagens de Natal e Ano Novo





Sonho de Infância - Crônica

Quando eu era garotinha toda noite, às vésperas do Natal, eu dispunha meu par de tamancos sobre à janela do nosso quarto e, seguia às pressas para a cama.

No dia seguinte acordava bem cedinho e corria à verificar se papai Noel finalmente, havia estado lá.

Presente de natal era algo mágico... na minha cabeça àquele velhinho de barba branca cruzando o céu com a sua rena cheia de lindos pacotes, embrulhados com papel vermelho e amarrados com enormes laços de fita verde, nossa... só podia mes-mo estar vindo lá da casa de Deus!

Àquele dia não foi diferente dos outros... acordei muito cedo, fui até lá e os tamancos, como sempre, permaneciam vazios.

Foi mais uma decepção e, em silêncio, senti muita tristeza e passei o resto do dia chorando...

Na rua em que morávamos quase todas as crianças ganhavam brinquedos de papai Noel, menos eu e meus irmãos.

Éramos muito pobres e os nossos pais se justificavam explicando que o bom velhinho as vezes ficava confuso devido a sua idade avançada e, perdia-se pelos cami-nhos.

Por isso, com certeza haveria de ter perdi-do também o da nossa casa mas, que no ano seguinte ele iria acertar...

Eu acreditava mas meus irmãos não e, as-sim, logo desistiram de colocar seus respectivos tamancos na referida janela.

Por outro lado, como nunca fui de desistir dos meus sonhos, no ano seguinte lá estava eu outra vez, colocando meus tamancos naquela mesma janela de sempre e aguardando o dia seguinte cheia de espe-ranças.

Os anos foram passando e quando eu completei dez anos de idade, papai Noel acertou o caminho da nossa casa e, finalmente deixou lá meu presente tão espe-rado...

A alegria foi inexplicável... eu não conseguia acredi-tar... era bom demais prá ser verdade!

Mais tarde, já beirando o meio-dia, a rua encheu-se de crianças.

Eram meus coleguinhas da vizinhança, felizes a exibi-rem seus presentes enquanto eu, claro, sorrindo corria de um lado para outro entre eles e, não parava de tagarelar justificando o "porque" de não haver recebido presentes nos anos anteriores e, como eu sabia de cor e salteada àquela velha explicação que o papai havia me dado durante anos, do porque que o papai Noel errava sempre o caminho de nossa casa, fui repas-sando-a para todos e ao mesmo tempo, também aproveitando para mostrar-lhes o meu presente:

Uma linda bonequinha vestida com um vestidinho de chita estampada na cor azul com várias florzinhas brancas bem miudinhas a qual, logo a batizei com o nome de Laís.

Àquele dia passou a fazer parte da história da minha vida de maneira inesquecível, porque foi o úni-co sonho de infância que consegui realizar, como também foi a primeira e última vez que o papai Noel nos visitou, haja vista do natal seguinte até então, nunca mais ele acertou o caminho da nossa casa...

Laura Limeira
Recife - PE - 15/11/2003 - 03:36 hs




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