Natal
Velho
pinheiro, verde e nevado,
imponente observa o mundo voraz,
contorcendo-se avidamente na
materialidade desta incompreendida
Festa.
Galhos frios traduzem
a irracionalidade
da vida onde meninos afortunados se
regalam com presentes supérfluos e
sempre esquecidos em presença do
prazer insaciável do querer.
Galhos frondosos
aprisionam no
escuro do seu tronco, o triste olhar
dos oprimidos e desafortunados, pois
negro é o seu sofrer.
Agora compreendo
porque são tristes
as noites de Natal. Música, luzes e
enfeites tentam em vão acobertar a
saudade da nossa infantil crença no
doce sonho do irreal e da presença de
inesquecíveis saudades.
Qual autômatos,
procuramos retribuir com
sorrisos sem brilho as frases antigas e já
despidas da inocente convicção da infância.
Que se sirva o vinho e
as castanhas.
A taça, apesar de amarga, talvez nos
permita refletir sobre o milagre do sorriso
sincero e reencontrar, na doçura do calor
humano, o real significado do amor...
Busca incansável da
manjedoura onde
possamos compreender a razão maior
da nossa existência.
Tragam-me o brilho
celestial da estrela
que me traduza o sentido maior desta
noite...
Domingos
Alicata
Rio de Janeiro -
RJ - 17/12/2004
Fundo Musical: Então É
Natal
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