EMÍLIO VITALINO SANTIAGO, que nos
deixou em 20/03/2013, foi um cantor cuja morte precoce (aos 66 anos)
deixou um vazio na música romântica do país. De lar modesto, nasceu, em
06/12/1946, no Rio de Janeiro que adorava; e onde também veio a
falecer.
Em 1970 (com 24 anos), ingressou na
Faculdade Nacional de Direito. No decorrer do curso, participou de um
festival de música em sua faculdade, interpretando três canções. Os
jurados -- José Messias, Marlene, Taiguara, Marcos Valle e Mariozinho
Rocha, entre outros -- classificaram duas das músicas apresentadas pelo
estudante de Direito em 2º e 3º lugares e o contemplaram com o
Prêmio de Melhor Intérprete. Emílio já cantava nos bares da faculdade,
em roda de amigos, apenas por diversão. No início, não tinha vontade de
se tornar um cantor profissional, e tampouco pensava nisso. Quando as
inscrições do festival de música da Faculdade foram abertas, os
amigos e colegas de Emílio o inscreveram sem que ele soubesse.
Participou, em seguida, do programa "A Grande Chance", de Flávio
Cavalcanti, transmitido pela TV Tupi, interpretando a canção "Que
Bobeira", de Marcos e Paulo Sérgio Valle. A partir daí, sua presença em
festivais estudantis era frequente, ganhando todos os concursos dos
quais participava. A música falava mais alto na vida de Emílio Santiago,
porém, concluiu o curso de Direito por insistência dos pais. Em 1972,
foi convidado a participar do Mercado Internacional de Talentos. No ano
seguinte, gravou seu primeiro disco, um compacto simples contendo a
música "Transas de amor" (Sebastião Tapajós e Marilena Amaral) e "Saravá
nega" (Odibar). Nessa época, atuava como "crooner" da Orquestra de Ed
Lincoln. Apresentou-se, ainda em 1973, em casas noturnas cariocas como
"Flag", "Black Horse", "706" e "Bierklause".
Em 1975, lançou seu primeiro LP,
"Emílio Santiago". No ano seguinte, assinou contrato com a PolyGram,
lançando o disco "Brasileiríssimo", que o tornou conhecido no Japão,
América Latina, França e Estados Unidos. Em 1982, venceu o Festival MPB
Shell (TV Globo), interpretando a música "Pelo amor de Deus", de Paulo
Debétio e Paulinho Resende. Dois anos depois, realizou turnê pela
Europa, apresentando-se em países como Suíça, Áustria, Alemanha, Itália
e França. Em l985, participou de nova edição do MPB Shell, culminando
com o título de Melhor Intérprete, pela apresentação da canção "Elis,
Elis".
Em 1988, assinou contrato com a
gravadora "Som Livre" e investiu, por sugestão de Roberto Menescal, no
projeto "Aquarelas brasileiras", série de sete LPs gravados entre 1988 e
1994, registrando clássicos da MPB, com um saldo de mais de três milhões
de discos vendidos. Com "Aquarelas brasileiras", alcançou projeção
nacional e internacional; recebeu diversos prêmios: seis Discos de
Platina, oito Discos de Ouro, dois Prêmios Sharp (Melhor intérprete, em
1990, e Melhor Show, em 1991), uma temporada em Nova York com crítica
receptiva no The New York Times e uma temporada em Los Angeles com
elogios no El Mercurio.
Em 1995, realizou um trabalho
dedicado ao cantor e compositor Dick Farney, o CD "Perdido de amor", com
arranjos de César Camargo Mariano. O disco e o show foram sucesso de
crítica e público. No ano seguinte, lançou o CD "Emílio Santiago", que
esteve por semanas nas paradas de sucesso e pelo qual recebeu mais um
Disco de Ouro e outro Disco de Platina, perfazendo um total de nove
Discos de Ouro e sete de Discos de Platina. Em 1997, a convite do
Príncipe Albert, embarcou para Mônaco e participou das festividades dos
700 anos do principado. Ainda nesse ano, apresentou-se no Gusman Center
de Miami. Em 1998, a convite da Embratur, viajou para Lisboa como
atração da Festa do Feijão Amigo. Lançou o CD "Preciso dizer que te
amo", contemplado com mais um Disco de Ouro. Em 1999, lançou no mercado
português uma coletânea de seus maiores sucessos nesse país, sob o
título de "Paixões do Brasil". Fez ainda duas apresentações no Cassino
de Póvoa, como atração principal do carnaval em Póvoa de Varzim.
Realizou, tambem nesse ano, quatro apresentações em Luanda (Angola),
contando em uma delas com a presença do Presidente José Eduardo dos
Santos e da Primeira-Dama Paula.
Em 2000, apresentou-se no Garden
Hall com o show "Dando uma geral", em comomoração aos 28 anos de sua
carreira artística. Nesse mesmo ano, gravou o CD "Bossa Nova", contendo
as canções "Corcovado" (Tom Jobim), "Você e eu" (Carlos Lyra e Vinicius
de Moraes), "Insensatez" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), "Doce viver"
(Dé, Nelson Motta e Marcos Valle), "Rio" (Roberto Menescal e Ronaldo
Boscoli), "Manhã de Carnaval" (Antônio Maria e Luiz Bonfá), "A
felicidade" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), dentre outras. Em 2001,
lançou o CD "Sorriso nos lábios", contendo obras de Gonzaguinha, como,
dentre outras, "E vamos à luta", "Grito de alerta", "Comportamento
geral" e Não dá mais pra segurar" ("Explode coração"). Em 2003, em
parceria com João Donato, lançou o CD "Emílio Santiago encontra João
Donato". Em 2005, lançou o CD e o DVD "O melhor das Aquarelas - Ao
vivo", gravado no Canecão (RJ).
Lançou, em 2007, o CD "De um jeito
diferente", voltado para a Bossa Nova e o Samba-Jazz. Constam do
repertório canções como: "Um dia desses" (João Donato e Carlinhos
Brown), "Disfarça e vem" (Marcos Valle e Ronaldo Bastos), "Contradição"
(Mart'nália e Viviana Mosé) e "E era Copacabana" (Carlos Lyra e Joyce).
Em 2008, participou do espetáculo "Bossa Nova 50 Anos", realizado na
praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. No elenco, Roberto Menescal, Oscar
Castro Neves, Carlos Lyra, Leila Pinheiro, Zimbo Trio, Leny Andrade,
Fernanda Takai, Maria Rita, Marcos Valle e outros. No ano seguinte, o
álbum "Feito para ouvir", de 1977, foi relançado em CD pela Dubas
Música.
Em 2010, lançou o CD "Só danço
samba", inaugurando seu selo discográfico, "Santiago Music". O disco
homenageia Ed Lincoln, com quem atuou no início de sua carreira. Algumas
das músicas do CD: "Deix'isso pra lá" (Ed Lincoln e Luiz Paulo Abrahão),
"Samba de verão" (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle) e "Chega"
(Mart'nália e Mombaça). Em 2011, Santiago foi contemplado como Prêmio da
Música Popular Brasileira, na categoria "Melhor Cantor/MPB", pelo CD "Só
danço samba". Nesse mesmo ano, lançou o DVD/CD "Só danço samba - ao
vivo", registro da turnê de lançamento do disco "Só danço samba". O
repertório conta com as músicas do CD gravado em estúdio, além de outros
sucessos de sua carreira. Em 2012, foi contemplado com o Grammy Latino,
na categoria Melhor Álbum de Samba/Pagode, pelo CD "Só danço samba - ao
vivo", dividindo a premiação com a cantora Beth Carvalho. No início de
2013, apresentou-se no Teatro Net Rio com o show "Só danço
samba".
No dia 20/03/2013, logo pela manhã,
as emissora de TV e rádio interromperam a programação normal para
anunciar: "O cantor EMÍLIO SANTIAGO, de 66 anos, morreu esta manhã, no
Hospítal Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. De acordo com o
hospital, o artista morreu em função de complicações decorrentes de um
acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico, que sofrera em 07 de
março."