Compositores: Newton Teixeira e Jorge Faraj
A deusa da minha rua
Tem os olhos onde a lua
Costuma se embriagar
Nos seus olhos eu suponho
Que o sol, num dourado sonho
Vai claridade buscar
Minha rua é sem graça
Mas quando por ela passa
Seu vulto que me seduz
A ruazinha modesta
É uma paisagem de festa
É uma cascata de luz
Na rua uma poça d’água
Espelho da minha mágoa
Transporta o céu
Para o chão
Tal qual o chão de minha vida
A minh’alma comovida
O meu pobre coração
Espelhos da minha mágua
Meus olhos
São poças d’água
Sonhando com seu olhar
Ela é tão rica e eu tão pobre
Eu sou plebeu
ela é nobre
Não vale a pena sonhar.
História da Música
“Deusa
da Minha Rua” foi composta em 1939 por
uma dupla de compositores.
Newton Teixeira
(1916/1990)
compôs bela melodia e Jorge Fa-raj
(1901/1963)
escreveu a letra.
A valsa está pautada nos amores
impossíveis, onde a mulher é sempre adorada sem saber, ignorando ser objeto
de uma pai-xão.
Faraj
foi muito feliz nesta valsa, descrevendo o contraste entre a beleza da musa
e a pobreza da rua.
Ele estabelece um poético jogo de
imagens, comparando a poça d'água, que “transporta
o céu para o chão”, a seus próprios
olhos, “espelhos de sua mágoa”,
que sonham com o olhar da mulher inatingível.
Mas essa obra-prima do romantismo que
imperava na música da época deu trabalho para chegar ao disco, permanecendo
inédita por três anos.
Primeiro
Faraj
não aprovou a melodia, obrigando
Newton Tei-xeira a refazê-la.
Depois foi
Sílvio Caldas que,
escolhido para interpretá-la, mos-trou-se desinteressado, achando sempre uma
desculpa para adi-ar a gravação.
“Até
que um dia - contou Newton ao pesquisador Lauro Gomes de Araújo - perdendo a
paciência, tive que tirar o Sílvio de uma roda no Nice e praticamente
arrastá-lo ao estúdio”.
Mas o importante é que o disco foi um
sucesso, com ótima inter-pretação do cantor.
Newton Teixeira
Detalhe: O afinado
acordeom que participa da gravação original é tocado pelo argentino
Heriberto Muraro,
mais conhecido como pianista.
Newton Teixeira,
autor da música, foi cantor, compositor e vio-lonista, tendo acompanhado os
maiores cantores românticos da época, foi autor de inúmeros sucessos.
Teve como parceiros entre outros
Jorge Faraj,
David Nasser,
Mario Lago,
Mario Rossi,
Cristovão de Alencar,
Torres Homem
e muitos outros.
“Deusa
da Minha Rua” fica para a história
como uma das mais belas canções românticas da música popular brasileira.
Jorge Faraj
A canção esteve
presente nas trilhas das novelas “Desejo
Proi-bido” (2007/2008
- Ivo Pessoa), “Vida
Nova (1988/1989 - Silvio Caldas) e
Éramos Seis”
(2019 - Roberto Carlos).
Fez parte também da trilha sonora do
filme “Lisbela e o Prisi-oneiro”
(2003 - Geraldo Maia e Yamandú Costa)
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