CAMISA LISTRADA
Composição:
Assis
Valente
Intérprete:
Ademilde Fonseca
(do LP "À la Miranda", 1958)
Ademilde Fonseca |
Vestiu uma camisa listrada e saiu por aí. Em vez de
tomar chá com torrada ele bebeu parati, levava um canivete no cinto e
um pandeiro na mão e sorria quando o povo dizia: "sossega leão,
sossega leão".
Tirou o seu anel de doutor para não dar o que falar
e saiu dizendo "eu quero mamar, Mamãe eu quero mamar, mamãe eu
quero mamar".
Levava um canivete no cinto e um pandeiro na mão e
sorria quando o povo dizia: "sossega leão, sossega leão".
Levou meu saco de água quente
pra fazer chupeta, rompeu minha cortina de veludo pra fazer uma
saia, abriu o guarda-roupa e arrancou minha combinação e até do
cabo de vassoura ele fez um estandarte para seu cordão.
Agora que a batucada já vai começando
eu não deixo e não consinto o meu querido debochar
de mim, porque ele pega as minhas coisas vai dar o que falar, se
fantasia de Antonieta e vai dançar no Bola Preta até o sol raiar
Vestiu uma camisa listrada e saiu por aí. Em vez de
tomar chá com torrada ele bebeu parati, levava um canivete no cinto e
um pandeiro na mão e sorria quando o povo dizia: sossega leão, sossega
leão
Tirou o seu anel de doutor para não dar o que falar
e saiu dizendo "eu quero mamar... Mamãe eu quero mamar, mamãe eu
quero mamar".
Levava um canivete no cinto e um pandeiro na mão e
sorria quando o povo dizia: "sossega leão, sossega
leão".
ADEMILDE FONSECA
Ademilde Fonseca nasceu em Pirituba, São
Gonçalo do Amarante, em 4 de março de 1921.
Suas interpretações a
consagraram como a maior intérprete do choro cantado, sendo considerada a
"Rainha do choro".
Trabalhou por mais de dez anos na TV Tupi e seus discos
renderam mais de meio milhão de cópias.
Além de fazer sucesso em terras
nacionais, regravou grandes sucessos in-ternacionais e se apresentou em
outros países.
Atualmente ainda faz shows.
Aqui temos Ademilde Fonseca
revivendo um velho sucesso de Carmen Mi-randa.
Sua personalidade já há
muito está definida.
Ademilde não fez uma imitação de Carmen mas um
autêntico trabalho de recriação de seus fabulosos sucessos.
Não teremos
assim uma paródia da Pequena Notável, mas, através da arte maravilhosa e
personalíssima de Ademilde Fonseca recordaremos melhor a inesquecível e
insuperável Carmen Miranda.
JOSÉ DE ASSIS
VALENTE
José de Assis Valente
nasceu em Santo Amaro, em 19 de março de 1911.
Foi um compositor
brasileiro, levado ao suicídio por dívidas.
Dentre suas composições mais
famosas está “Brasil Pandeiro”.
Era filho de José de Assis Valente e D.
Maria Esteves Valente.
Segundo relatava, tinha sido roubado aos pais,
ainda pequeno, sendo de-pois entregue a uma família Santoamarense, que lhe
deu educação, ao tempo em que o iniciou no trabalho, algo extenuante.
Já
aos dez anos de idade revelava-se admirador de grandes poetas, como Castro
Alves e Guerra Junqueiro, cujos versos declamava, encantando aos que
ouviam.
Por essa idade segue com um circo mambembe, até que finalmente
radi-cou-se em Salvador, onde faz-se aluno do Liceu de Artes e Ofícios da
Bahia, aprendendo também a confeccionar dentaduras.
Em 1927 muda para o
Rio, onde se emprega como protético e consegue publicar alguns desenhos.
Na década de 30 compõe seus primeiros sambas, bastante incentivado por
Heitor dos Prazeres.
Muitas de suas composições alcançam o sucesso, nas
vozes de grandes intérpretes da época, como Carmem Miranda, Orlando Silva,
Altamiro Car-rilho e muitos outros.
Sua admiração por Carmem fê-lo até
procurar aprender a tocar, pensando que o professor fosse pai adotivo da
cantora - o que não procedia.
A paixão não impediu que para ela compusesse
várias canções, sempre presentes em seus discos.
Graças a uma dívida
cobrada por Elvira Pagã, que lhe cantara alguns su-cessos, junto com a
irmã, tenta o suicídio pela primeira vez, cortando os pulsos.
Casou-se, em
23 de dezembro de 1939, com Nadyli da Silva Santos.
Em 1941 (13 de maio)
havia tentado o suicídio mais uma vez, saltando do Corcovado – tentativa
frustrada por haver a queda sido amortecida pelas árvores.
Em 1942 nasce
sua única filha, Nara Nadyli, e separa-se da esposa.
Desesperado com as
dívidas, Assis Valente vai ao escritório de direitos autorais, na
esperança de conseguir dinheiro.
Ali só consegue um calmante.
Telefona aos
empregados, instruindo-os no caso de sua morte, e depois para dois amigos,
comunicando sua decisão.
Sentando-se num banco de rua, ingere formicida,
deixando no bolso um bilhete à polícia, onde pedia ao também compositor e
amigo Ary Barroso que lhe pagasse dois alugueres em atraso.
Morria às seis
horas da tarde.
No bilhete, o último "verso": "Vou parar de escrever, pois
estou chorando de saudade de todos, e de tudo."
Seu trabalho foi um dos
mais profícuos da música, constando que chega-va a compor quase uma canção
por dia – muitas delas vendidas a baixos preços para outros, que então
figuravam como autores.
Seu primeiro sucesso, ainda de 1932, foi “Tem
Francesa no Morro”, canta-do por Aracy Cortes.
Foi autor, também, de peças
para o Teatro de revista, como Rei Momo na Guerra, de 1943, em parceria
com Freire Júnior.
Após sua morte, foi sendo esquecido, para ser finalmente
redescoberto nos anos 60, nas vozes de grandes intérpretes da MPB, como
Chico Buarque, Maria Bethânia, Novos Baianos, Elis Regina, Adriana
Calcanhoto, etc.
https://br.groups.yahoo.com/group/Doce_Misterio
© 2009
Alberto Peyrano
Buenos Aires,
Argentina
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