Conta-se que, quando Maria de Magdala deixou-se
penetrar pela mensagem do Suave Rabi da Galiléia, uma onda de
questionamen-tos lhe invadiu a alma.
Ela, a grande pecadora, que buscava o amor de forma
equivocada na tentativa de preencher o vazio da alma, diante da proposta de
amor que aquele Homem singular lhe apresentava, pôs-se a medi-tar e
sentiu-se uma mulher em escombros.
Num lindo dia, daqueles em que a brisa da primavera
traz consigo o perfume das flores para suavizar os caminhos dos que se
deba-tem pelas estradas terrenas, ela travou um diálogo singular com o
Messias de Nazaré.
Abriu seu coração ao Amigo, dizendo que era um trapo
de mulher e que seria difícil ser aceita por Deus, já que cometera tantos
desati-nos. Por onde começar, ou recomeçar?
O Mestre, com o olhar sempre compassivo, apontou pela
janela um determinado quadro e lhe perguntou: O que vês lá, minha filha?
Ela observou o quadro e respondeu: Vejo uma casa em
ruínas, Se-nhor.
E então, não vês que ela está recoberta com lindos
ramos e flores? Se Deus lança sobre os escombros de uma casa em ruínas as
formo-sas buganvilles, o que não lançará sobre um de seus filhos que queira
renovar a paisagem íntima?
Naquele instante, os olhos de Maria se encheram de
lágrimas, sin-ceramente brotadas das profundezas da alma.
Uma onda diferente a invadiu. Era como se um suave
perfume pe-netrasse sua intimidade abrindo um horizonte novo: a esperança
nascia.
Revitalizada pelas palavras do Profeta de Nazaré,
Maria de Magdala logo deu início à obra de redenção particular.
Entendia agora o que Jesus quis dizer com as flores
recobrindo a casa em ruínas. Sentia que era a oportunidade bendita que a
Mise-ricórdia Divina lhe oferecia para refazer os caminhos equivocados.
Passou a atender os sofredores, os desalentados, os
mortos-vivos corroídos pela lepra.
Nesse ministério, na medida em que aliviava o
sofrimento alheio, Deus lhe supria as forças e lhe iluminava a alma.
Foi assim que a mulher equivocada conseguiu superar as
dificulda-des do caminho, superando-se a si mesma.
Foi assim que Maria de Magdala conseguiu perdoar-se.
Conseguiu empreender a caminhada para a felicidade que
Jesus afirmou ser possível a todos, com as palavras: Quem quiser vir após
mim, tome a sua cruz, negue-se a si mesmo e siga-me.
Ela negou-se a si mesma, esqueceu as carências e
apostou tudo na felicidade que haveria de vir logo mais. E conseguiu seu
intento.
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Se, às vezes, você se sentir como se
estivesse em escombros, lem-bre-se da afirmativa de Jesus: Se Deus recobre
com flores perfu-madas uma casa em ruínas, o que não lançará sobre um de
Seus fi-lhos que queira mudar a paisagem íntima?
Deus nos oferece sempre uma nova chance de acerto.
Enfeita a nossa vida com as belezas naturais. Permite o perfume das flores,
o canto dos pássaros, a amizade sincera, a companhia dos afetos.
A nós só resta a decisão firme de mudar a nossa
paisagem interior.
Assim sendo, roguemos a Deus que nos sustente as
forças e come-cemos, sem demora, essa nobre empreitada.
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Redação do
Momento Espírita com base no cap. 20,
do livro Boa nova, pelo Espírito Humberto de Campos,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
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Redação do Momento Espírita
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