Perdão incondicional

Recebida em 09/04/2011


O perdão incondicional no mundo atual é muito raro. Além de não perdoarmos com facilidade as ofensas de parentes e amigos, en-contramos impedimentos enormes para a sua prática no que se re-fere aos inimigos.

O orgulho é de tal ordem que basta um parente cometer um erro social para ficarmos furiosos. É que logo o acontecimento chegará ao conhecimento público, nos envolvendo indiretamente.

Em vez de desculpar a fragilidade moral do infeliz e procurar lhe dar apoio para suavizar as punhaladas do remorso, ficamos a atirar pedradas. Pedradas do desprezo, da indiferença, sem medir as consequências anticaridosas de tal atitude.

Conta o escritor John Lageman um fato contemporâneo. Ocorreu com um ex-presidiário, que sofreu nas carnes da alma a incompre-ensão e abandono dos seus familiares, durante todo o tempo em que esteve recluso numa penitenciária.

Os seus parentes o isolaram totalmente. Nenhum deles lhe escre-veu sequer uma linha. Nunca o foram visitar na prisão durante a sua permanência ali.

Tudo aconteceu a partir do momento em que aquele homem, depois de conseguir a liberdade condicional por bom comporta-mento, tomou o trem, de retorno ao lar.

Por uma coincidência que somente a providência divina explica, um amigo do diretor da penitenciária se sentou ao seu lado.

Por ser uma pessoa sensível, identificou a inquietação e a ansieda-de na fisionomia sofrida do companheiro de viagem, com gentileza, lhe falou:

O amigo parece muito angustiado! Não gostaria de conversar um pouco? Talvez pudesse diminuir o desconforto.

O ex-presidiário deu um profundo suspiro. Constrangido, falou: re-almente. Estou muito tenso. Estou voltando ao lar. Escrevi para mi-nha família e pedi que colocasse uma fita branca na macieira exis-tente nas imediações da estação, caso me tivesse perdoado o ato vergonhoso.

Se não me quisesse de volta, não deveria fazer nada. Então eu per-manecerei no trem e rumarei para um lugar incerto.

O novo amigo verificou como sofria aquele homem. Ele sofrera uma dupla penalidade: a da sociedade que o segregara e a da família, que o abandonara.

Condoeu-se e se ofereceu para vigiar pela janela o aparecimento da árvore. A macieira que selaria o destino daquele homem.

Dez minutos depois, colocou a mão no braço do ex-condenado. Fa-lou quase num sussurro: lá está ela.

E mais baixo ainda: não existe uma fita branca na macieira.

Fez uma pausa que pareceu uma eternidade.

. . . A macieira está toda coberta de fitas brancas.

A terapia do perdão dissipou naquele exato momento toda a amar-gura que havia envenenado por tanto tempo uma vida humana.

O pobre homem reabilitado deixou que as lágrimas escorressem pe-las faces, como a lavar todas as marcas da angústia que até então o atormentara.

A simbologia das fitas brancas do perdão incondicional deve ficar gravada na nossa mente. Deve nos lembrar sempre as palavras de Jesus:

Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire a primeira pe-dra.

Quem de nós não necessita de perdão? Quem já não errou, se equi-vocou, faliu?

A própria reencarnação é, para cada um de nós, o perdão incondi-cional de Deus, a nos permitir uma nova chance para o resgate dos débitos e retomada do caminho.

Você sabia?

Você sabia que o maior exemplo de perdão foi dado por Jesus?

Ele retornou após a morte para amparar os apóstolos. Apóstolos que, à exceção de João, o haviam abandonado na hora da sua pri-são, flagelação e morte.

Apesar disso, ele ratificou a missão que lhes conferira de espalhar as sementes do Seu Evangelho pela Terra.

E eles aproveitaram muito bem o perdão de Jesus. Tornaram-se ho-mens corajosos, incansáveis na luta pela verdade e pelo bem.

Tornaram-se exemplos para nós. Graças ao perdão de Jesus o Evan-gelho nos chegou pelo trabalho e esforço de um punhado de ho-mens.

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Equipe de Redação do Momento Espírita, com base na
revista Presença Espírita nº 155 pág. 23.

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Redação do Momento Espírita
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