Sr. Raul, homem probo, que sempre lutara contra uma enfermidade incurável, estava no quintal da sua casa em cidade litorânea, fazendo
um buraco no solo a fim de plantar uma muda de mangueira, quando uma
vizinha que o observava por cima do muro perguntou:
Sr. Raul, o senhor já está em idade avançada e não ignora que a enfermidade pode levá-lo a qualquer momento.
Assim sendo, sabe que não comerá mangas dessa mangue-ira. Por que tanto
esforço em plantá-la?
Aquele homem simples pensou um instante, olhou para a vizinha e respondeu com sabedoria:
Até hoje como mangas que nunca plantei.
A resposta curta traz em si mesma grande conteúdo que vale a pena ser
meditado.
Se todos agíssemos como o Sr. Raul, certamente o mundo teria outra feição em
pouquíssimo tempo.
Quantas coisas nos beneficiam sem que tenhamos tomado parte nelas.
Quantas frutas saborosas temos comido sem que tenhamos plantado as árvores que as produzem.
Quanta sombra temos aproveitado de árvores frondosas que jamais plantamos.
Quantos acidentes são evitados porque alguém passa, per-cebe o buraco na estrada, e trata de sinalizá-lo para os que virão em seguida.
Quantos medicamentos aliviam nossas dores sem que sequer saibamos quem os
elaborou.
Quantas atitudes louváveis de criaturas que pensam mais
nos outros que em si mesmas.
Ghandi sabia que não desfrutaria de uma Índia livre do jugo da Inglaterra, mas lutou por libertá-la pensando nos seus irmãos.
Martin Luther King Junior sabia que seu sonho estava dis-tante da realização, mas deu a vida para que suas ideias pudessem beneficiar brancos e negros.
Albert Schweitzer não pensou em si mesmo quando aban-donou a
vida de conforto e opulência para se embrenhar na selva africana e ajudar os nativos, desinteressadamente.
Madre Teresa de Calcutá não hesitou em abandonar a vida confortável do convento
para auxiliar seus irmãos a sorver as gotas de sofrimento, em nome do amor.
Marie Curie foi vítima da radioatividade, mas contribuiu grandemente com a
Humanidade nas pesquisa que empreendeu sobre o elemento rádio.
Em momento algum essas criaturas pensaram em si mesmas, mas tão somente no
benefício que seu esforço poderia trazer para os demais.
Como Madame Curie, outros tantos cientistas passam anos enclausurados em seu
laboratórios em busca de novas fórmulas para aliviar as dores da Humanidade
inteira.
Agir dessa forma é agir com altruísmo. É não ser egoísta. É
pensar no bem comum ao invés de pensar somente em si.
Quando todos nós pensarmos assim, estaremos preparados para contemplar um
mundo melhor. Um mundo construído por todos e para todos, como verdadeiros
irmãos.