Uma questão de carência afetiva


 
Recebi em 11/03/2006


Nota-se que existe carência afetiva, porque muitos não conseguem exteriorizar seus sentimentos, não sendo capazes de demonstrar o afeto que realmente sentem...
E a parceria sente falta disso...
Ósculos e amplexos,
Marcial

    UMA QUESTÃO DE CARÊNCIA AFETIVA
Marcial Salaverry


formatado por Thereza Cristina

Algo de que a humanidade realmente anda carente, é de afetivi-dade.

O que realmente é para se lamentar.

Para quem não sabe, afetividade está diretamente ligada à solida-riedade, e parece que atualmente este artigo está mesmo em falta no mercado, e o artigo mais em voga são os umbigos.

Não falo dos umbigos que as jovens generosamente expõem, com as roupas em moda atualmente, mas sim dos umbigos que algumas pessoas preferem egoisticamente contemplar, esquecen-do-se de que existe muita gente em seu redor, e toda essa gente também tem umbigo.

O grande problema é que parece que também essa turma toda só gosta do seu (quer dizer do seu, dele) umbigo.

Vai daí que, a expressão favorita é o tradicional "quero que ele se dane", para não dizer outra coisa...

Parece que ninguém mais pensa em sentido coletivo.

A individualidade tomou conta de tudo.

O velho esquema de "Cada qual por si", é que está imperando.

Da mesma maneira que os problemas alheios não nos interessam, pensamos que só os nossos são importantes.

Nosso problema é que tem de ter sua solução urgenciada.

Se os outros não pensarem da mesma maneira que nós, estão errados.

A coisa chega a um ponto em não nos interessa mais sequer ouvir argumentos alheios.

Se não pensa como nós, está errado e pronto.

E é exatamente essa maneira de pensar que está errada, pois com  todos pensando e agindo assim, imagina a baderna que va-mos ter.

Cada qual tentando resolver seu problema de qualquer maneira, custe o que custar, não importando se irá prejudicar alguém.

Tem que curar sua dor de barriga e pronto.

Claro está que temos que resolver nossos pepinos, pois precisa-mos solucioná-los.

Algo que esteja nos atrapalhando, precisa sair de nosso caminho.

Porém, temos que pensar um pouco num sentido coletivo, pois se nossa solução criar outro problema, será apenas uma transfe-rência e é aí que entra o "fator umbigal".

Cobrimos o nosso, e descobrimos outro.

Há que se pensar um pouco no fator "solidariedade".

Vamos procurar respeitar essa parte.

Pensar que devemos observar a velha regra de bem viver, que diz que nossos direitos terminam onde começam os alheios, e vice versa.

Ainda há que se mencionar o tipo mais curioso de carência afetiva, e que é algo que faz muita gente sofrer, pois são pessoas que tem vergonha de admitir que tem sentimentos, considerando a emotividade como um pecado quase mortal.

Assim, mascaram seu interior,  colocando uma capa de frieza que assusta qualquer um que tente se aproximar.

Afugentam qualquer um que tente demonstrar amizade, ou qual-quer outro "sentimento perigoso".

Em casa, são um tormento.

Desde que levantam pela manhã, apenas rosnam, ao invés de sorrir.

Limitam-se a um "grunf", ao invés de Bom Dia.

Sempre estão de cara amarrada.

São incapazes de dizer "Eu te amo", para o conjugue, para os filhos...

É capaz de morder o cachorrinho de estimação e pisar no rabo do gato, só para mostrar que esta é sua vontade.

São pessoas que parecem estar de mal com o mundo.

De trato difícil, são incapazes de usar palavras tão eficientes, como "Por Favor", ou "Muito Obrigado".

Quem já chegou a conviver com alguém assim, sabe do que se está falando.

O triste da história, é que tipos assim fazem as pessoas a sua volta sofrer, principalmente os familiares, e sofrem também, pois em seu íntimo, o desejo é  abraçar e beijar os entes queridos, mas tem que ser durão.

Não pode vacilar.

Demonstrar reais sentimentos é sinal de fraqueza.

Muitas vezes, ao serem abandonados por quem os ama e que eles amam também, são incapazes de pedir para ficar.

Seu orgulho não permitiria isso.

Sofrem, mas jamais chegam a "dar o braço a torcer".

E não é fácil vestir essa armadura o dia inteiro.

Acaba desgastando o espírito, e sua tendência é viver em solidão, pois  conseguem afastar quem realmente poderia gostar delas e nunca é bom para ninguém transformar-se em uma ilha.

Passam a se julgar os eternos incompreendidos, esquecendo-se de que esse fosso separando-o do convívio de todos foi cavado por eles mesmos.

Nunca podemos nos esquecer de que vivemos numa Sociedade.

Existem pessoas a nosso redor.

Pessoas que tem problemas.

Como nós, que somos essas pessoas para elas.

Assim sendo, temos que ter um certo sentido de coletividade em nossa vida.

Sempre é preciso imaginar que, para os outros, nós é que somos "os outros, cujos problemas não nos interessam..."

Pensar em respeitar os direitos alheios, para que os nossos também o sejam.

Vamos pensar um pouco mais nesse sentido?

E com essa idéia de coletividade, que tal, novamente., darmo-nos as mãos em volta de uma árvore imaginária, desejando-nos mais UM LINDO DIA... não é uma boa ideia?



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