QUANDO PAIS SE SEPARAM...
Marcial Salaverry
Este é um dos assuntos mais delicados para ser tratado, pois envolve os sen-timentos mais complexos que existem, ou seja, o amor entre duas pessoas, e o amor de ambos pelo produto desse amor.
Só que, infelizmente, o amor entre duas criaturas por vezes se acaba, ou apenas arrefece.
Quando simplesmente arrefece, e não se transforma em ódio, tudo bem, pois fica a amizade e eles podem transferir alguma coisa de bom para os filhos, pelo menos podem dizer para as crianças que, se o amor que os havia unido antes terminou, ficou ainda um certo sentimento de carinho, pelo menos ficou uma amizade e que eles podem se encontrar sem que saiam faíscas. Assim, as crianças não ficarão totalmente frustradas, pois se não tem os pais vivendo juntos, pelo menos os vê como amigos, e isso sempre ameniza possíveis proble-mas íntimos.
Mas nem sempre essa situação é bem aceita, e provoca traumas nas crianças, que, embora aparentemente aceitem a separação dos pais, em seu íntimo não conseguem “engolir a pílula”, e chegam até a ficar com a saúde abalada.
Essas doenças psicossomáticas são de difícil tratamento, pois suas causas, embora conhecidas, nem sempre podem ser tratadas, pois o único diagnóstico existente, indica que a cura apenas será conseguida com a reconciliação entre os pais.
Como fazer?
Fica a dúvida crucial, pois não se trata de manha, chantagem emocional, ou algo superficial, que pode ser mais facilmente contornável.
É algo que independe da vontade das crianças, pois está em seu interior.
Aparentemente a única solução será a reconciliação de seus pais.
E isso apenas será possível se a separação foi feita em bons termos.
Se ainda existe alguma amizade, algum sentimento de carinho entre ambos.
É necessária uma reavaliação de situação, um novo estudo de todo o caso.
Descobrir o que causou a separação, e, claro, procurar contornar essas cau-sas.
É imprescindível um diálogo franco, em que cada um exponha claramente seu pensamento, apontando os motivos que causaram a separação.
É necessário que algo mude, para que os mesmos erros não se repitam.
Pode-se argumentar que os pais devem apenas pensar em suas vidas, não po-dendo ceder às vontades das crianças.
Ocorre que não é questão de vontade.
Está em jogo a saúde das crianças.
E esse é um fator a ser considerado, e que justifica a nova união, mas esta deve ser feita em novas bases, para que a nova convivência seja mais bem vivida.
E sempre vale a pena fazer essa tentativa, considerando-se o que está em jogo.
Essas situações por vezes podem ser complicadas, dependendo do que causou a separação.
Muitas vezes, o tempo em que ficaram separados, trouxe um pouco mais de maturidade, e pode ajudar a nova vida conjugal.
Contudo, se ainda restar alguma coisa da mágoa anterior, ambos sempre po-dem fazer uma experiência.
Como o problema das crianças envolve a presença paterna, e mais ainda, os pais juntos, sempre pode-se fazer uma tentativa com a chamada coabitação amigável.
Ambos podem morar juntos, cada qual respeitando o espaço do outro, até que todas as arestas sejam aparadas, e cheguem à conclusão de que o amor foi reencontrado, podendo assim ser resgatado e plenamente vivido.
Ou até que as crianças consertem a cabecinha, e que a separação possa ser consumada.
Isso, claro, se realmente aquele sentimento quer os uniu não existe mais.
Caso não se sintam totalmente seguros para essa reconciliação, podem procu-rar ajuda, ou algum aconselhamento junto a pessoas em quem depositem con-fiança, sejam parentes, psicólogos, amigos, enfim, alguém em quem confiem e que tenha condições para trocar uma ideia.
Não custa nada e pode trazer muitos benefícios.
Assim, poderão evitar muitas frustrações para essas crianças que não tiveram culpa no ocorrido, e são apenas vitimas inocentes do desentendimento ocorrido e que causou a separação.
Aliás, muitas vezes tais desentendimentos podem ser facilmente contornáveis com um bom diálogo, uma boa reavaliação da situação.
Esperando ter sido útil para alguém, desejo a todos UM LINDO DIA.
Marcial Salaverry
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Formatado por Thereza Cristina