Quando falta aquele abraço
 

Recebi em 19/02/2006

E por vezes como lamentamos não
ter dado aquele passo...
Ósculos e amplexos,
Marcial


QUANDO FALTA AQUELE ABRAÇO
Marcial Salaverry

Formatado por Thereza Cristina

Interessante é a natureza humana.

Muitas vezes desejamos ardentemente estar com alguém, abraçá-lo, beijá-lo, e nos contemos. 

Por não conseguir dar aquele passo na direção certa, deixamos passar a oportunidade de momentos felizes.

Trocamos uma alegria por incontáveis momentos de mágoa, de tris-teza, e até de revolta.

Por que será tão difícil declarar nossos sentimentos de carinho?

Quantas vezes perdemos amizades, e até mesmo amores, por não conseguir soltar o que levamos dentro da alma...

Seja por inibição, seja por orgulho, seja pelo medo de não sermos entendidos, deixamos que alguém se vá sem saber o quanto bem lhe queremos.

E quando essa ida é definitiva, mais ainda lamentaremos por não ter usufruído todo o carinho e bem estar que poderíamos ter desfru-tado, ao invés de tristes momentos cheios de mágoa e solidão, julgando-nos injustiçados pelo Destino, que não soube nos aquinhoar com a felicidade que nos julgamos merecedores.

Esquecemo-nos, contudo, de analisar que por nosso livre arbítrio deixamos de dar um passo na direção desse alguém.

Deixamo-lo pensar que não o queríamos bem, quando na verdade o que mais queríamos era dar-lhe um apertado abraço, e dizer-lhe tudo o que tínhamos engasgado em nosso interior.

Muitas vezes tememos uma rejeição.

Julgamos não sermos queridos.

E por isso, deixamo-nos ficar estáticos, sem coragem para estender a mão, sem coragem para estender os braços e abrir nosso coração.

Não notamos que a outra pessoa também está passando pelo mesmo conflito.

E ambos ficamos remoendo nossos desejos, vencidos por ressenti-mentos que talvez não tenham razão de ser.

Mães que se separam de filhos, avós que desejam ardentemente conhecer seus netos, mas resistem durante anos aos desejos de dar o primeiro passo.

Perguntam-se “E se for rejeitada?

E se minha neta não me quiser?”

Então, nesse “se”, nesse “talvez” o tempo vai passando e o tão sonhado abraço não se concretiza.

Até que um dia arrisca um telefonema, e verifica que o desejo era recíproco.

Só faltava a coragem para o primeiro passo e que uma vez dado, pode ganhar aquele presente daquele abraço tão anelado.

E vem a constatação de que em nome do medo de uma rejeição perderam-se anos de uma convivência feliz.

Quando ainda se consegue recuperar o tempo perdido, e o abraço ainda acontece, é bom demais.

Acontece que muitas vezes ocorre uma perda irreparável.

Nesse caso, a mágoa de não ter dado aquele abraço vai acompanhar para sempre.

E o orgulho vence mais uma vez o bom senso.

Bom senso que sempre deverá prevalecer, pois o máximo que pode acontecer quando estendemos a mão buscando uma reconciliação, é sermos rejeitados. Mas ao menos tentamos.

Fizemos nossa parte.

E mesmo num caso de rejeição imediata, sempre poderá abrir uma fresta na carapaça do outro alguém, e o abraço ainda poderá ocor-rer.

Sempre vale a pena abrir nosso coração, falar de nossos senti-mentos.

Muita coisa pode ser evitada agindo-se dessa maneira.

Não podemos deixar que nosso orgulho nos impeça de dar o famoso primeiro passo, nem tampouco podemos deixar que o ressentimento nos domine se não formos bem recebidos.

Sempre poderá haver uma outra tentativa, basta deixarmos a poeira se assentar, e as coisas esfriarem.

Orgulho, ciúme, inveja, ódio, são sentimentos daninhos que precisa-mos aprender a superar, se quisermos ser felizes realmente.

E principalmente, nunca devemos culpar o destino por nossa infeli-cidade.

Nós temos condições de gerir nosso destino, usando adequadamente nosso livre arbítrio.

Para tanto, sugiro um movimento de paz.

Cumprimente um possível inimigo, e veja se ele não esboça um sor-riso ao notar que você o cumprimentou espontaneamente.

Se não o fizer, pelo menos ficará surpreso com sua atitude, e você se sentirá melhor por te-lo feito.

Assim, inclusive, será mais fácil ter UM LINDO DIA...



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