QUANDO FALTA AQUELE ABRAÇO
Marcial Salaverry
Formatado por Thereza Cristina
Interessante é a natureza humana.
Muitas vezes
desejamos ardentemente estar com alguém, abraçá-lo, beijá-lo, e nos
contemos.
Por não conseguir
dar aquele passo na direção certa, deixamos passar a oportunidade de
momentos felizes.
Trocamos uma alegria por incontáveis momentos de mágoa,
de tris-teza, e até de revolta.
Por que será tão difícil declarar nossos sentimentos de carinho?
Quantas
vezes perdemos amizades, e até mesmo amores, por não conseguir soltar o
que levamos dentro da alma...
Seja por
inibição, seja por orgulho, seja pelo medo de não sermos entendidos,
deixamos que alguém se vá sem saber o quanto bem lhe queremos.
E quando
essa ida é definitiva, mais ainda lamentaremos por não ter usufruído todo
o carinho e bem estar que poderíamos ter desfru-tado, ao invés de tristes
momentos cheios de mágoa e solidão, julgando-nos injustiçados pelo
Destino, que não soube nos aquinhoar com a felicidade que nos julgamos
merecedores.
Esquecemo-nos,
contudo, de analisar que por nosso livre arbítrio deixamos de dar um passo
na direção desse alguém.
Deixamo-lo pensar que não o queríamos bem, quando
na verdade o que mais queríamos era dar-lhe um apertado abraço, e
dizer-lhe tudo o que tínhamos engasgado em nosso
interior.
Muitas vezes
tememos uma rejeição.
Julgamos não sermos queridos.
E por isso,
deixamo-nos ficar estáticos, sem coragem para estender a mão, sem coragem
para estender os braços e abrir nosso coração.
Não notamos que a outra
pessoa também está passando pelo mesmo conflito.
E ambos ficamos remoendo
nossos desejos, vencidos por ressenti-mentos que talvez não tenham razão de
ser.
Mães que se
separam de filhos, avós que desejam ardentemente conhecer seus netos, mas
resistem durante anos aos desejos de dar o primeiro passo.
Perguntam-se “E
se for rejeitada?
E se minha neta não me quiser?”
Então, nesse “se”, nesse
“talvez” o tempo vai passando e o tão sonhado abraço não se concretiza.
Até que um dia arrisca um telefonema, e verifica que o desejo era
recíproco.
Só faltava a coragem para o primeiro passo e que uma vez dado,
pode ganhar aquele presente daquele abraço tão anelado.
E vem a
constatação de que em nome do medo de uma rejeição perderam-se anos de uma
convivência feliz.
Quando ainda se
consegue recuperar o tempo perdido, e o abraço ainda acontece, é bom
demais.
Acontece que
muitas vezes ocorre uma perda irreparável.
Nesse caso, a mágoa de não ter
dado aquele abraço vai acompanhar para sempre.
E o orgulho vence mais uma
vez o bom senso.
Bom senso que
sempre deverá prevalecer, pois o máximo que pode acontecer quando
estendemos a mão buscando uma reconciliação, é sermos rejeitados. Mas ao
menos tentamos.
Fizemos nossa
parte.
E mesmo num caso de rejeição imediata, sempre poderá abrir uma
fresta na carapaça do outro alguém, e o abraço ainda poderá
ocor-rer.
Sempre vale a
pena abrir nosso coração, falar de nossos senti-mentos.
Muita coisa pode
ser evitada agindo-se dessa maneira.
Não podemos deixar que nosso orgulho
nos impeça de dar o famoso primeiro passo, nem tampouco podemos deixar que
o ressentimento nos domine se não formos bem recebidos.
Sempre poderá
haver uma outra tentativa, basta deixarmos a poeira se assentar, e as
coisas esfriarem.
Orgulho, ciúme,
inveja, ódio, são sentimentos daninhos que precisa-mos aprender a superar,
se quisermos ser felizes
realmente.
E
principalmente, nunca devemos culpar o destino por nossa infeli-cidade.
Nós
temos condições de gerir nosso destino, usando adequadamente nosso livre
arbítrio.
Para tanto, sugiro um movimento de paz.
Cumprimente um
possível inimigo, e veja se ele não esboça um sor-riso ao notar que você o
cumprimentou espontaneamente.
Se não o fizer, pelo menos ficará surpreso
com sua atitude, e você se sentirá melhor por te-lo
feito.
Assim,
inclusive, será mais fácil ter UM LINDO
DIA...
Fundo Musical: Al Di
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