O que é afinidade

Recebi em 08/12/2006

Afinidade, é aquele sentir que faz com que duas criaturas
se sintam, mesmo que não se saibam...

O QUE É AFINIDADE
Marcial Salaverry

Afinidade, como explicá-la? Segundo a fria explicação “
dicionaristica”, é “conjunção, relação, semelhança, conformidade”. Mas no correr da vida, descobrimos outras defini-ções, à medida que vamos encontrando es-sas tais afinidades em outras pessoas.

Na realidade, afinidade é um sentimento de difícil explicação. Vamos tentar chegar a al-gum lugar, analisando as coisas curiosas que às vezes acontecem conosco, pois com algu-ma frequência  encontramos ou só conhece-mos, mesmo sem encontrar, pessoas que nos despertam de imediato uma grande simpatia e, por vezes uma grande antipatia? Pergun-tamo-nos o porque disso. Na verdade, não deixa de ser estranho sentir-se tais reações com pessoas que mal conhecemos, ou que, por vezes, sequer as conhecemos.

O normal seria simplesmente aguardar os acontecimentos para saber se essa pessoa, por suas atitudes futuras pode ou não mere-cer nossa amizade. Mas assim, à primeira vista ? A única explicação que encontro, por vezes não tem concordância de muita gente. Entendo tratar-se pura e simplesmente de re-encontro de vidas passadas, com as cobran-ças e resgates naturais de embates anterio-res. E isso ocorre com muita freqüência, bem mais do que se pode imaginar.

Basta puxar pela memória para lembrar de quantas vezes isso aconteceu, ou seja, aque-la sensação de, à primeira vista, pensar que determinada pessoa pode ou não ser uma pessoa confiável, alguém de quem  iremos gostar, ou não. Algumas vezes essa primeira impressão é errônea, mas é a que prevalece até que tenhamos provas contrárias.

Vamos assim tentar definir o que vem a ser essa Afinidade, acompanhando o raciocínio de meu guru L'Inconnu”.

Pode não ser o mais brilhante, mas é o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos.

Não importa o tempo, a ausência, a distância, pois, em caso de afastamento, qualquer re-encontro retoma a relação, o diálogo, a con-versa, o afeto, no exato ponto onde foi inter-rompido. Parece, na verdade, não ter o senti-do do tempo.

Na realidade, é muito raro manifestar-se, mas quando ela existe, é de fácil entendimen-to, pois essa afinidade já existia antes mes-mo do conhecimento, e permanece ainda que as pessoas se afastem. É o caso daquelas “
presenças ausentes”, quando ainda que os amigos estejam longe ou afastados, sempre serão lembrados, pois é uma presença que se fixou na alma. Uma presença “afínica”.

Quem não tem aquela amizade inesquecível? Aquela pessoa que mesmo longe, sempre é lembrada com saudade, devido à grande se-melhança de pensamentos, idéias, senti-mentos. Mesmo longe, sentimo-la presente. Chegamos a conversar com ela.

Sentimos simplesmente. Nem contra, nem a favor, muito pelo contrário. Sentimos a pre-sença, sem ter necessidade de explicar o que estamos sentindo. É olhar e perceber.

Sem dúvida, é um sentimento singular, dis-creto e independente. A presença pode ser detectada a quilômetros de distância, mas é percebida pela maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar... Enfim... Está sem estar.

Quando existe uma afinidade, a relação é re-tomada no tempo em que parou, pois ela é atemporal. A amizade pode ser destruída por muitas coisas, muitas mágoas, mas a afini-dade a tudo resiste. As pessoas sentem esse sentimento, porque ele existe, e não buscam explicações. É quando vem aquele pensa-mento de tristeza por uma amizade perdida, ao passo que outras perdas nos provocam uma sensação de alívio.

Explicações? Para que?

Procuramos motivos para sermos amigos de alguém, e o primeiro dos quais, é se existe alguma afinidade entre nós. Então, para ha-ver Amizade, é preciso que haja Afinidade.

Para que possamos amar alguém, então ela é imprescindível...

Não podemos amar ninguém com quem não tenhamos sentimentos “
afínicos” (favor avi-sar o Aurélio... pode incluir). No caso de Amor, então, além da Afinidade, também há que existir a Amizade. E um quê de paixão também.

Em casos de separação prolongada, o amor pode desaparecer, amizades podem ser es-quecidas, mas se existir Afinidade, o esque-cimento não existe, porque para sua subsis-tência, basta a vida. A qualquer momento que se dê o reencontro, ele será gratificante, por-que, tanto o tempo quanto a separação, na verdade nunca existiram. Foi apenas a opor-tunidade dada pelo tempo para que a matura-ção pudesse ocorrer e que cada pessoa pu-desse sentir cada vez mais que realmente são “
afínicas.

Resumindo tudo, Afinidade vem a ser a pre-sença do ausente. Mesmo que não esteja-mos perto, assim nos sentimos, pois nossos sentimentos comungam, nossas idéias “
ba-tem”, nossos pensamentos, enfim, são “Afí-nicos”. Reside aí o princípio, meio e fim de lindas amizades.


Então, “
afinicamente, vamos nos dar as mãos, imaginando-nos num grande círculo, e nos desejando UM LINDO E MARAVILHOSO DIA.

Bem afínico.



Fundo Musical: O Bem Do Mar - Dorival Caymmi

        

 
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