O amor sobrevive à morte

Recebi em 03/03/2006

Dois parceiros que se amam muito...
Se um empreende a última viagem...
Como sobreviverá o outro, com seu amor?
Ósculos e amplexos,
Marcial

O AMOR SOBREVIVE À MORTE?
Marcial Salaverry

Para aqueles que se amam verdadeiramente, e que conseguem superar o tempo vivendo um amor completo, mantendo um relacio-namento com base sólida, cimentada em muito amor e carinho, sempre preocupa a possibilidade de uma separação causada pela partida de um deles.

Como o remanescente sobreviverá ao trauma dessa separação inevi-tável, é algo que somente o fato em si poderá determinar.

É preciso muita força de vontade para não se entregar ao desespero.

É preciso muita vontade de viver para superar esse trauma.

Nem todos têm essa força.

Nem todos conseguem superar  essa dor.

Para quem está de fora, é muito simples falar na vontade de Deus, e que o destino quis assim.

Mas sua cabeça dá um nó.

Seu coração parece querer pular fora do peito.

Sua alma chora noites seguidas.

Mas a vida continua, e é preciso começar a imaginar que quem partiu não gostaria de ver seu parceiro entregar-se à dor.

É preciso pensar que o amor não morreu, e que em algum lugar po-derá estar observando, e se entristecendo com sua incapacidade de reagir.

Há que ir até o fundo da alma,  retirar aquele restinho de vida que lá está, e fazê-lo aflorar.

Para vencer a dor da saudade, é preciso aprender a driblar a tristeza que sempre invade a alma, procurando recordar aqueles momentos de muita felicidade vividos juntos.

As doces recordações sempre amenizam a tristeza da saudade, mu-dando uma saudade doída, para uma saudade doida, que inclusive poderá fazer sorrir ao invés de chorar.

Há que se entender que a morte pode nos levar o ente querido, mas jamais levará o amor que foi vivido.

Este permanece latente em nosso interior.

Algo que dá vontade de fazer é uma espécie de pacto, para que ambos possam embarcar juntos para a derradeira viagem.

Infelizmente quase nunca isso é possível, e o remanecente deverá  continuar vivendo, com a certeza de que esse é o desejo de quem partiu, pois o amor quando é verdadeiro, sobrevive à morte.

As boas recordações fazem-no viver dentro do coração, que pode parar se não soubermos vencer a dor que insidiosa se infiltra em nossa alma.

Já houve casos em que o parceiro empreendeu a mesma viagem poucos dias após, cedendo à dor, como também casos houve em que o remanescente conseguiu reagir, e, com o apoio espiritual da parceria querida, conseguiu refazer a vida.

Claro que as lembranças jamais se apagaram, mas ficaram apenas como aquela infinda saudade gostosa de um tempo muito feliz.

E sempre tendo UM LINDO DIA.


   

Fundo Musical: Sometimes When We Touch (Instrumental) - Dan Hill - Cover By Davem Monk