Recebi em 16/09/2006 |
LEMBRANDO O ROMANTISMO
Marcial Salaverry
Como dizem que “Recordar é viver”, podemos relembrar uma época que já está quase em total ostracismo. Uma época em que se sabia viver com romantismo, que era realmente levada a sério essa questão de viver romanticamente. Uma época em se pensava com amor no amor.
Os homens sabiam ser românticos, procuravam dar aquela atenção às mulheres, tratando-as com carinho e consideração, quase como autênticos bibelôs. Chegavam a façanhas heróicas em defesa de suas amadas.
E tanto a História, como as estórias registram a veracidade dessa época.
Elas, por sua vez limitavam-se a aceitar o que se poderia chamar de "jugo" masculino, e eram felizes, sendo exclusivamente mulheres dedicadas ao lar, aos seus homens, e a embelezar o mundo. E a ter e criar seus filhos...
Faziam-se serenatas para suas eleitas. Os homens as colocavam como que em redomas, para serem admiradas, mas não tocadas. Seriam tocadas apenas pelos seus homens (pelo menos a ideia era essa). Eram outros tempos. E sob esse ponto de vista, as coisas se modificaram por demais. Se para melhor ou para pior, é questão de ponto de vista;
Nos dias atuais, não há mais lugar para esse romantismo. O progresso tecnológico exige cada vez mais praticidade tanto de homens como de mulheres, e a fantasia romântica cada vez fica cada vez mais esquecida. Apenas alguns poucos românticos sobrevivem. São almas teimosas que se recusam a modernizar-se, pois, para acompanhar o ritmo de vida atual, em que a urgência de tudo fazer nos impede de viver, é algo totalmente fora de propósito sequer falar-se nisso. Ser romântico, é perda de tempo, segundo o pensar moderno.
Em parte a culpa do fim (ou quase) do romantismo, coube às próprias mulheres que se empenharam de tal maneira em "igualar-se" aos homens, que deixaram de lado a própria feminilidade.
Deixaram de ser as "madames" e as "cortesãs", e começaram a exigir um novo lugar na Sociedade, reivindicando lugares e posições antes exclusivamente masculinas. Nada mais justo, já que vinham provando sua competência e mostrando estar perfeitamente aptas para ocupar quaisquer cargos.
Com isso, para poder vencer a resistência masculina, começaram a usar armas masculinas, mostrando que sabiam ser fortes e decididas, saindo a campo e exercendo funções que exigem força e resistência física. Por que não? Nem por isso se masculinizaram, continuaram femininas. Apenas tinham que tomar certas atitudes para poder se impor em suas funções que começaram a ferir a suscetibilidade masculina.
E, em represália, os homens começaram a tratá-las como iguais, esquecendo que, acima de tudo, sempre existiu e existirá uma "alma feminina". E esta, nunca poderá se esquecer de que é MULHER.
Por mais forte e decidida que uma mulher seja, sua alma, felizmente, continua a ser feminina, sendo sempre sensível e carente de certas atenções que, de repente os homens começaram a deixar de lhes dedicar. E que falta isso lhes faz, ainda que se recusem a reconhecer. É "careta" pensar assim.
Nota-se ainda hoje uma certa "Guerra dos Sexos", onde homens e mulheres tentam provar quem é melhor, mais inteligente, mais forte, mais sabido, mais capaz sexualmente, enfim, mais "qualquer coisa" que seja, apenas para "vencer" a guerra.
Com isto, o pobre Romantismo vai indo "pro beleléu" (já que ele é antigo, vamos usar um termo idem..).
Precisa ser firmado um "Tratado de Paz", para se resgatar o romantismo... Vamos nos esquecer de tentar provar "quem é o melhor", para aceitar a ideia de que cada um é cada um. A competência para qualquer função não depende do sexo, mas sim da capacidade individual de cada pessoa, seja homem ou mulher, no desempenho de tal ou qual função.
Ainda mais agora, quando as mulheres deixaram de ser os "bibelôs", quebraram suas redomas, e estão lindas, leves e soltas, podendo exercer ativamente esse lado romântico, ao invés de apenas esperar, suspirantes, que seus eleitos lhes dispensassem atenção. E agora, são livres para "ir à caça", o que antes era privilégio masculino. Muito homens ainda resistem à idéia de serem "caçados", mas os romanticos adoram essa nova postura.
As condições da vida moderna, pelo menos nas grandes cidades impede as lindas serenatas de antigamente, mas nada impede de se tratar uma mulher com gentileza, cedendo-lhe passagem, oferecendo-lhes flores (qual mulher não gosta de ganhar um ramo de flores, ou mesmo uma rosa que seja), oferecendo-lhes uma poesia (se souber compor, tanto melhor...), dando-lhes a atenção devida, nunca esquecendo de que sua feminilidade sempre fará parte de sua natureza, nunca se esquecendo do tradicional e sempre bem recebido "beijo na mão"...
Às mulheres, apenas que aceitem essas sutilezas românticas, que saibam também ser românticas. Dentro da agitação da vida moderna, sempre haverá lugar para um romântico de plantão.
Bem, comecei a falar de romantismo, e me entusiasmei, e assim lhes
desejo UM ROMÂNTICO DIA. |