ENVELHECER COM
DIGNIDADE
Marcial
Salaverry
Ao nos olharmos no
espelho, temos consciência
de que estamos envelhecendo, ou melhor, estamos
idosando, porque os sinais da passagem do tempo
são inequívocos, mas
enquanto a alma não envelhecer, apenas estaremos colecionando
anos.
Portanto, temos que
adquirir consciência de que
não somos uma mera peça imprestável nesta
vida,
pois é apenas nosso corpo que apresenta as
marcas do
tempo.
Claro
que não
temos mais a mesma capacidade
física, que sempre animou e nos
deu vitalidade à juventude, e, claro, não temos os mesmos
reflexos e disposição.
Contudo, não podemos
nos deixar vencer pelo
desânimo, nem tampouco pedir aquela aposentadoria
total, que nos levará apenas a contar o tempo que
ainda falta.
Claro
que não podemos permitir que nossa vida
murche e feneça, enquanto apenas
esperamos as
coisas acontecerem.
Algo é preciso ser feito, em benefício de
nossa alma que ainda quer viver.
Uma coisa que acontece
nessa fase, é começar com
a ideia fixa de que nada mais temos a fazer,
e
ficamos apenas falando de nossas dores e mazelas,
e queremos chamar a
atenção do mundo para que
alguém cuide de nós.
Esse ponto é crítico.
Sinal
de que realmente estamos nos
entregando à velhice.
Devemos usar nossa
vivencia para ensinar aos
mais jovens, e devemos dialogar com eles,
e não
apenas monologar sobre nossos problemas.
Ouvindo, podemos sempre aprender
algo a mais
que nos possa ajudar a viver melhor.
E que nos permita também
ajudar a outrem,
mostrando que ainda temos vida.
Que ainda somos úteis e
necessários.
É importante descobrir
que talentos temos e que
ainda não foram descobertos para que possamos
desenvolver algo, seja no campo da música,
da pintura, da jardinagem, da
cerâmica, da literatura.
Todos temos algum
talento artístico,
e se eventualmente ainda não foi descoberto,
sempre
será tempo de fazê-lo.
Afinal temos que
descobrir a melhor ocupação
para o tempo de que dispomos, e
que nos dias
da juventude, nunca tínhamos, pois precisávamos
ganhar a
vida e assegurar o futuro.
E agora, podemos realizar velhos sonhos, e
devemos
a cada dia despertar dispostos a aprender
alguma coisa
mais.
Pode ser uma forma diferente de usar o pincel,
uma breve poesia,
um ensinamento, uma receita
culinária nova, sempre existirá algo que
poderemos
melhor desenvolver.
Assim se fazem as grandes
descobertas.
A idade não deverá nos
transformar em pessoas
rabugentas e sisudas, poderemos ser joviais,
sem
exagerar para não parecer tolos.
Se por acaso não fomos
pais muito atentos aos filhos,
pois nossas obrigações nos exigiam muito,
poderemos agora ser avôs ou bisavôs que possam
dedicar algum tempo aos
netos e bisnetos,
tomando cuidado para não os mimar, mas sim educar,
ensinando-lhes a viver, ensinando-lhes a amar e
respeitar os mais velhos,
e a vida, e,
principalmente a si próprios.
Poderemos apresentar-nos como
exemplo do que
uma vida sàbiamente vivida representa no
futuro.
Claro que
sempre devemos ter presente que,
apesar de toda nossa experiência, podemos
estar
errados em alguma coisa, e sempre será tempo para
corrigir algo que
possa melhorar nosso relacionamento
com o mundo e as pessoas que nos
cercam.
E como a
ciência está em evolução constante,
não podemos nos
fechar em nossos conhecimentos,
pois temos que evoluir com o mundo.
Sempre
haverá algo a ser aprendido e apreendido.
Se nossa
capacidade física fraquejar, deixando-nos
com alguma dependência,
precisaremos da ajuda
de nosso Amigão, pedindo que nos dê paciência,
que nos permita suportar o corpo que tanto nos serviu,
e que agora mostra
as limitações causadas pela
marcha inexorável do
tempo.
Dançamos, fizemos
esporte, brincamos, viajamos,
tivemos bons e maus momentos, e o que foi
vivido,
mostra que devemos agora e sempre continuar
amando nosso corpo, e
devemos sempre cuidar dele.
Principalmente, não
devemos ser inconvenientes, procurando não incomodar tanto aos
demais.
Devemos aprender a pensar duas vezes, antes
de
reclamar, insistir e exigir o que quer que seja,
a quem tenha que cuidar
de nós.
Devemos aprender a cultivar a
paciência.
Se por acaso perdermos
quem esteve sempre a
nosso lado, não devemos chorar essa perda.
Sentir a
falta é uma coisa, viver lamentando e se
lamuriando é outra coisa, e isso
não deve acontecer.
Podemos usar as boas lembranças de alegres
momentos
vividos juntos para minimizar a
dor da ausência
querida.
Sempre devemos
cultivar boas amizades,
que poderão nos ajudar a viver melhor o tempo
que
ainda temos por aqui.
O mais importante é
contar sempre com a ajuda
divina, de nossos entes queridos e de nossos
amigos,
a fim de termos um envelhecimento digno, e que
sempre sejamos
lembrados com um pensamento
e um comentário favorável, como alguém que
viveu dignamente, e que soube sempre ser uma pessoa que espalhou luz e
amizade por onde andou.
E
sempre fazer de cada dia, UM LINDO
DIA.
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