É
realmente triste chegar-se à conclusão de que a carência
afetiva, é um dos males que mais afligem a humanidade, e é
provocada pela falta de humanidade, pela falta de bom senso,
pela falta de amizade...
Ósculos
e amplexos,
Marcial
COMO É TRISTE A
CARÊNCIA AFETIVA
Marcial Salaverry
Podemos realmente dizer ser a carência afetiva, como o
mais efetivo mal do século, pois com toda a certeza,
algo de que a humanidade realmente anda carente, é de
afetividade, de amizade, de humanidade, de fraternidade,
algo que realmente é para se lamentar, pois é provocada
diretamente pela falta de respeito, de bom senso.
Para quem não sabe, afetividade está diretamente ligada
à solidariedade, e parece que atualmente ambos os
artigos estão mesmo em falta no mercado, e sem dúvida, o
artigo mais em voga é o umbigo.
Não falo dos umbigos que as jovens generosamente expõem,
com as roupas em moda atualmente, mas sim dos umbigos
que algumas pessoas preferem egoisticamente contemplar,
esquecendo-se de que existe muita gente em seu redor, e
toda essa gente também tem umbigo.
O grande problema é que parece que também essa turma
toda só gosta do seu (quer dizer do seu, dele) umbigo.
Vai daí que, a expressão favorita é o tradicional "quero
que ele se dane",
para não dizer outra coisa, porque "o
que interessa é eu me dê bem."
Parece que ninguém mais pensa em sentido coletivo.
A individualidade tomou conta de tudo.
O velho esquema de "Cada qual por si", é que está
imperando, e que Deus se incomode com os outros.
Da mesma maneira que os problemas alheios não nos
interessam, pensamos que só os nossos são importantes.
Nosso problema é que tem de ter sua solução urgenciada.
Se os outros não pensarem da mesma maneira que nós,
estão errados.
A coisa chega a um ponto em que não nos interessa mais
sequer ouvir argumentos alheios.
Se não pensa como nós, está errado e pronto.
E é exatamente essa maneira de pensar que está errada,
pois com todos pensando e agindo assim, dá pra imaginar
a baderna que vamos ter.
Cada qual tentando resolver seu problema de qualquer
maneira, custe o que custar, não importando se irá
prejudicar alguém.
Tem que curar sua dor de barriga e
pronto.
Claro está que temos de resolver nossos pepinos, pois
precisamos solucioná-los e assim, algo que esteja nos
atrapalhando, precisa sair de nosso caminho.
Porém, temos de pensar um pouco num sentido coletivo,
pois se nossa solução criar outro problema, será apenas
uma transferência e é aí que entra o "fator umbigal".
Cobrimos o nosso, e descobrimos outro.
Há que se pensar um pouco no fator "solidariedade".
Vamos procurar respeitar essa parte.
Pensar que devemos observar a velha regra de bem viver,
que diz que nossos direitos terminam onde começam os
alheios, e vice versa.
Ainda há que se mencionar o tipo mais curioso de
carência afetiva, e que é algo que faz muita gente
sofrer, pois são pessoas que tem vergonha de admitir que
tem sentimentos, considerando a emotividade como um
pecado quase mortal.
Assim, mascaram seu interior, colocando uma capa de
frieza que assusta qualquer um que tente se aproximar.
Afugentam qualquer criatura que tente demonstrar
amizade, ou qualquer outro "sentimento perigoso".
Tais indivíduos, em casa, são um tormento, uma vez que
desde que levantam pela manhã, apenas rosnam, ao invés
de sorrir.
Limitam-se a um "grunf", ao invés de Bom Dia.
Sempre estão de cara amarrada, e são incapazes de dizer
"Eu
te amo",
para o conjugue, muito menos para os filhos, ou ao
restante da família...
É capaz de morder o cachorrinho de estimação e pisar no
rabo do gato, só para mostrar que esta é sua vontade.
São pessoas que parecem estar de mal com o mundo. De
trato difícil, são incapazes de usar palavras tão
eficientes, como "Por
Favor",
ou "Muito
Obrigado".
Quem já chegou a conviver com alguém assim, sabe do que
se está falando, de quão difícil é a convivência com
criaturas assim, e que afinal, sempre irão acabar
sozinhos pois ninguém tolera sua companhia...
O triste da história, é que tipos assim fazem sofrer
quem estiver a sua volta, principalmente os familiares,
e sofrem também, pois em seu íntimo, o desejo é abraçar
e beijar os entes queridos, mas tem que ser durão.
Não pode vacilar.
Demonstrar seus reais sentimentos será sinal de
fraqueza.
Muitas vezes, ao serem abandonados por quem os ama e que
eles amam também, são incapazes de pedir para ficar.
Seu orgulho não permitiria isso.
Sofrem, mas jamais chegam a "dar
o braço a torcer".
E não é fácil vestir essa armadura o dia inteiro.
Acaba desgastando o espírito, e sua tendência é viver em
solidão, pois conseguem afastar quem realmente poderia
gostar delas e nunca é bom para ninguém transformar-se
em uma ilha.
Passam a se julgar os eternos incompreendidos,
esquecendo-se de que esse fosso separando-o do convívio
de todos foi cavado por eles mesmos.
Nunca podemos nos esquecer de que vivemos numa
Sociedade.
Existem pessoas a nosso redor.
Pessoas que tem problemas.
Como nós, que somos essas pessoas para elas.
Assim sendo, temos que ter um certo sentido de
coletividade em nossa vida, sempre é preciso imaginar
que, para os outros, nós é que somos "os
outros, cujos problemas não nos interessam..."
E essa, nunca é uma ideia muito agradável...
É melhor e mais coerente pensar em respeitar os direitos
alheios, para que os nossos também o sejam.
Vamos pensar um pouco mais nesse sentido?
Talvez seja a solução para evitar que a carência afetiva
seja o mal do século.
E com essa ideia de coletividade, que tal, novamente,
darmo-nos as mãos em volta de uma árvore imaginária,
desejando-nos mais UM LINDO DIA... não é uma boa ideia?
Quem estiver de acordo, que seja bem-vindo nesta roda
imaginária, onde ninguém sentirá carência afetiva...
Fundo Musical: Strani Amori
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