A eterna infância


A sabedoria milenar dos chineses é algo que não se pode discutir.

Encontramos mensagens que nos foram legadas por eles, que, apesar de es-critas há muitos séculos, ainda conservam uma atualidade impressionante. Como esta, que me foi repassada por meu amigo L'Inconnu: 
O grande homem é aquele que não perdeu a candura de sua infância.

Esta é uma grande verdade, pois o que realmente estraga a vida de muita gente, é esquecer totalmente que um dia foi uma criança livre de precon-ceitos, inibições, sem se preocupar com  a famosa frase: "não faz assim, não fica bem, você não é mais criança"...

Geralmente a adolescência é uma das piores fases da vida, porque ainda não deixamos de ser crianças, mas já queremos parecer adultos, desejando todas as prerrogativas da vida adulta, sem contudo assimilar que com essas prerrogativas vem uma série de responsabilidades, que só a vivência fará com que sejam bem compreendidas.

Tentando ser adultos, esquecem-se de que ainda são crianças, e daí nasce toda uma revolta, transformando a maioria dos adolescentes em rebel-des sem causa. É muito fácil desejar todas as regalias de um adulto, sem ter que fazer  nada  para isso. Apenas receber de "mão beijada" os direitos dos quais se julgam merecedores, esquecendo dos reais valores da vida, já que direitos e  méritos devem ser conquistados por esforço próprio. Assim terão valor.

Uma coisa é certa, crianças fomos, e crianças sempre seremos.

A única diferença é que, quando somos fisicamente crianças, agimos com na-turalidade sem aquela preocupação do "fica ou não fica bem". Quer coisa mais linda e espontânea do que o sorriso de uma criança feliz? Não é aquele sorriso estereotipado como, por exemplo, o sorriso dos praticantes de aeróbica, que estão fazendo os exercícios, tudo exigindo de seu físico, sendo obrigados a manter aquele sorrisinho forçado. Ou como o sorriso que temos que dar quando o chefe conta aquela piada velha e besta que sempre contou. E vai por aí afora. As crianças somente sorriem, quando estão com vontade. E quando são forçadas a agir contra sua natureza, quando os adul-tos querem que "cresçam depressa", isso vai provocando danos em sua per-sonalidade futura, formando aquele adulto cheio de traumas e preconceitos.

Agora uma coisa é certa, as crianças não sabem ainda observar os limites, aquela velha máxima, "de que seu direito termina onde começa o meu, e vice-versa". Isto sim, tem que lhes ser ensinado, para que não sejam aquelas detestáveis crianças birrentas e cheias de vontades e exigências, que quando chegam perto de nós, somos obrigados a avisar: se morder, eu chuto...

Os limites sempre devem ser mostrados às crianças, para que elas saibam até onde podem chegar sem serem inconvenientes. Crianças mimadas ou super protegidas também transformam-se em adultos problemáticos.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra... Nem a disciplina militar, nem a libe-ralidade excessiva. A medida certa é a liberdade vigiada, o meio termo ideal, para que não percam a espontaneidade natural, nem se transforme naquelas crianças chatas e impertinentes que se acham com todos os direitos do mundo, sem nenhuma obrigação.

Mas isto é uma outra história, que fica para uma outra vez...

Do que estávamos falando mesmo? Ah!!! do quanto é bom conservarmos, com a sabedoria da idade, o espírito infantil de alegria e descontração. Realmen-te, dosando-se adequadamente as coisas, tornamos nossa vida muito agradá-vel e  gostosa de ser vivida, e ainda sobra tempo e disposição para transmitir um pouco dessa alegria aos que estão à nossa volta.

Conservar algo da infância, não tenham dúvidas, faz muito bem para o espí-rito, prolonga a vida, já que essa alegria e vontade de viver, faz com que vi-vamos até morrer... podem acreditar.

Bem crianças, esperando que todos consigam guardar alguma coisa da crian-ça que foram um dia, desejo que tenham UM LINDO E FELIZ DIA.

Marcial Salaverry
Santos - SP




Fundo Musical: Ballade Pour Adeline - Paul de Seneville
 

 
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