A amizade aplaina o caminho


Nossa vida pode ser interpretada como uma estrada, com suas curvas, desvi-os, buracos, pontes, túneis, obstáculos que apresentam dificuldades, mas também tem seus trechos onde a vista pode descortinar belas paisagens, e que aliviam nossa alma.

Como nas estradas, encontramos o que se pode comparar aos postos de ga-solina, que podem abastecer nosso veículo, e onde podemos fazer refeições, são aquelas pessoas que nos ajudam nos momentos de dificuldade nessa ca-minhada, aquelas pessoas amigas, que parece que abastecem nosso coração com a força que nos empurra para a frente, numa doação de energia, e que estabelecem conosco aquele contato de amizade, que pode  nos equilibrar, evitando certas quedas que poderiam ser perigosas se estivés-semos sós. Essa energia recebida prepara nossa alma para o resto da cami-nhada.

Sempre que precisamos de uma pausa, percebemos que já caminhamos mui-to, e que muitas daquelas pessoas que foram importantes para nós, ficaram lá para trás. Algumas por estarem muito distantes, e não termos muita pos-sibilidade em revê-las.

Mas foram pessoas que passaram por essa nossa estrada e deixaram para nós um pouco do que elas são, pois deixaram lembranças e até mesmo transfor-mando nossa vida. Em troca, levaram um pouco do que nós somos, sendo transformadas também. Essa troca de energias é vital para nossa existência. Carregamos nossas baterias com a energia recebida, e sabemos transmitir essa energia quando encontramos alguém que dela necessite. É importante sempre recarregarmos nossas baterias. Pela importância de sua passa-gem, são pessoas que a qualquer momento, num breve fechar de olhos, podem ser facilmente "vistas", ou relembradas, como se estivessem a nosso lado, tão fundas foram as marcas deixadas.

Terminamos por perceber também, que nos distanciamos muito de lugares que marcaram bons momentos de nossa caminhada pela vida. Lugares que ficaram eternamente vivos em nossas lembranças. Mas pertencem ao passa-do. E nem por isso devem ser esquecidos.

Quando começamos a sentir que as recordações passadas ocupam um lugar muito grande em nossa vida, mostrando que caminhamos por muitos e mui-tos quilômetros, podemos nos sentir cansados. É quando devemos respirar profundamente para tomar novo fôlego, e, olhando para a frente, ver que a estrada ainda continua. Ainda nos restam muitos quilômetros a percorrer, e ainda temos muito a caminhar.

Ainda temos que desfrutar muito dessa beleza que é nosso viver.

Ainda temos vida pela frente, ainda temos delícias a saborear, novos conhe-cimentos a fazer, novas aventuras para ousar e muitos lugares para  conhe-cer.

Temos que saber olhar para os lados, e ver que não estamos sozinhos. Ainda existem muitas pessoas, tão especiais quanto aquelas que ficaram para trás, que igualmente nos estendem suas mãos, convidando-nos para que ca-minhemos juntos até chegar o momento que os caminhos sigam em direções diferentes, levando-as em outra direção, abrindo caminho para que  encon-tremos novas amizades, sempre revitalizando nossas baterias.

Vamos aceitar todos os desafios que encontrarmos. Podemos caminhar jun-tos até onde a vida nos levar.

E se nos separarmos, novas lembranças irão marcar nossos pensamentos. E que as marcas que ficaram sejam sempre de algum proveito. Se boas, dei-xando lindas lembranças que a qualquer momento podem ser reativadas, e quem sabe, até podendo render um livro com as recordações. Mas se não fo-rem boas, poderão servir como lições, indicando que certas atitudes não de-vem ser repetidas.

Enfim, todas as pessoas que cruzaram nosso caminho, tiveram algum motivo para fazê-lo. Quis o Destino que assim fosse, e devem sempre  fazer parte de nossas recordações.

São lembranças de momentos guardados em nossos "arquivos". E as-sim, quando estivermos muito distantes, porque nosso caminhar nos afastou de pessoas que nos foram muito caras, poderemos sempre nos deleitar re-memorando certos momentos especiais. Até mesmo quando as lembranças não são boas, pois podemos nelas nos lembrar para evitar a repetição de fatos desagradáveis.

As amizades que cruzaram conosco, de uma maneira ou outra, aplainaram nosso caminho, seja por uma ajuda prestada, seja por terem indicado um caminho, seja pelo carinho que nos dispensaram, não devem jamais ser es-quecidas. Deixaram sua energia, levando a nossa, numa troca vital. Num exercício de memória, convido todos a lembrar, com honestidade e isenção de ânimo, de dois pontos de sua vida, a saber:
1 - Quantas pessoas te estenderam a mão num momento de dificuldade, ou simplesmente que te ouviram num desabafo, que te deram alguma orienta-ção, enfim, que tiveram uma participação favorável em  sua vida.
2 - A quantas pessoas você estendeu a mão, ouviu num desabafo, orientou num momento de necessidade.


Geralmente nossa memória vai registrar mais a ajuda recebida do que a ofertada. Isso é próprio de corações generosos, mas qualquer que seja o re-sultado, temos uma prova irrefutável de que a amizade aplaina caminhos, e que jamais devemos desprezar ajuda, por menor que seja, e tampouco, ja-mais devemos esquecer todos aqueles que cruzaram nosso caminho. Quem sabe o Destino não nos reserva um novo encontro?

Vamos então estender nossa mão, seja para receber, seja para doar. O im-portante é fazê-lo com isenção de animo, sem preconceito. Vamos saber do-ar e receber nossa energia interior.

Amizades não podem ser relegadas a plano secundário.

E principalmente, vamos ter UM LINDO DIA.

Marcial Salaverry
Santos - SP



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