Gosto de Saudade
Letícia Thompson
Não sei se saudade tem
cor. Dizem que sim. O que eu sei é que ela tem
forma, tem gosto,
tem cheiro e peso também. E, acreditem, ela
tem asas! Se não,
como nos transportaria tantas vezes a lugares tão
distantes? E sei
ainda que ela se agiganta quando mais tentamos
diminuí-la. Sei que
ela dói de dor intensa e sem
remédio.
Se não fosse ela,
não sei se teríamos consciência do tamanho da
importância das pessoas pra gente.
Porque quando amamos alguém, a
saudade já chega por antecipação, sorrateira,
disfarçada de algo que não conseguimos decifrar.
É aquela dor fininha de não sei o
quê, a angústia boba que nos invade só de imaginar
a separação.
E a gente
fica meio sem saber o que fazer.
Mas é assim... é
uma dor que gostamos de sentir, um sabor que
queremos provar, é algo que não sabemos explicar,
mas é quase palpável. É amor
disfarçado de muita coisa. São emoções guardadas
bem lá no fundo. Saudade... do que foi e do que
vai ser. Saudade que nos acompanha pra diminuir a
solidão e que nos mostra, sobretudo, que estamos
vivos.
Aprendi ainda que saudade não mata. É
só quase. A gente pensa que vai morrer, mas
sobrevive sempre, porque ela traz escondidinha
nela uma outra coisa que chamamos de esperança,
que nos ajuda a caminhar, porque saudade, como o
amor, não é cega, saudade vê mais
além.
***
Ilustração: Aliene
Imagens: Internet
Texto recebido da Marly Maggessi (Grupo Palavrras Virtuais)
Ilustração: Aliene
Imagens: Internet
Fundo Musical: Chega de Saudade
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