Pergunta:

TV Manchete - Por que pessoas que fazem tanto bem para a Humanidade,
como a Irmã Dulce, tem uma morte tão sofrida?

 

Resposta De Chico Xavier:

Lembrando com muito respeito e reconhecimento a Irmã Dulce, nossa patrícia, nós perguntamos:

E por que o sofrimento de Jesus no lenho?!

Ele era o guia da Humanidade e, a bem dizer, um anjo protetor da comunidade humana.

É que nós necessitamos de uma interpretação mais exata do sofrimento em nosso caminho diário.

Creio que todos nós devemos pagar o tributo da evolução, no agradecimento à Divina Providência dos bens que desfrutamos.

E nesse particular, se é possível, eu peço licença para recordar o meu próprio caso.

Eu sempre tive uma vida normal, como a de tantos seres humanos.

Entretanto, com uma labirintite que me apanhou há 3 anos, sou agora praticamente um paraplégico, por-que tenho as minhas pernas constantemente doloridas e inúteis.

Mas reconheço que estou com 82 anos de existência física, a caminho dos 83, tenho muita alegria de viver e tenho muita satisfação pela oportunidade de conhecer uma doença que me priva da vida natural de in-tercâmbio com os próprios familiares.

Um paraplégico que se habituou a usar muletas nos visitou há dias e me perguntou:

Chico Xavier, eu sou um leitor das páginas mediúnicas que você tem recebido...

Indago a você por que é que Emmanuel, um Espírito benemérito; por que é que André Luiz, um médico de altos conhecimentos; por que é que Meimei, uma irmã que foi a professora devotada da infância e da moci-dade; por que é que o Dr. Bezerra de Menezes, que continua sendo, na Vida Maior, um médico do mais ele-vado gabarito e que é seu amigo – por que é que eles não curam você?

Eu disse assim:

Meu amigo, graças a Deus, eu não me sinto com privilégio algum...

A mediunidade não me exime das vicissitudes e das lutas naturais de qualquer pessoa dos nossos grupos sociais.

Penso que essa moléstia tão longa e tão difícil é um ensinamento de que eu necessito, porque, quando chegar à Vida Espiritual, breve como espero, e algum Instrutor me perguntar:

Chico Xavier, você nunca teve uma moléstia grave que durasse longo tempo?...

Eu vou dizer:

Sim, fiz 80 anos e, depois do dia em que completei 80 anos, começou a defasagem do meu corpo físi-co...

Mas isto é muito natural em qualquer pessoa, especialmente na pessoa idosa.

É uma crucificação gradual e que eu necessito, para não ficar envergonhado no Além, quando eu chegar à convivência dos nossos irmãos já desencarnados...

Eu quero não sentir vergonha de nunca ter sofrido...

Mas para mim isto não é sofrimento.

Tenho muitos bons amigos, cultivo a amizade com muito calor humano, gosto muito da vida e sei que vou continuar vivendo...

Se Jesus permitir, os médicos desencarnados lá me ofertarão, talvez, quem sabe?, alguma melhora ou, se a doença continuar, eu devo saber que é a Vontade de Deus, é o Desígnio Divino que nos deu a felicidade da vida...

Então, eu estou aqui com vocês na maior alegria e creio que nenhum escutou de mim qualquer queixa, porque estou muito bem.

Não me falta alimentação, não me falta medicina, os médicos amigos me tratam estudando a moléstia com muita atenção, me proporcionando as melhoras possíveis...

E eu continuo há 2 anos na condição de paraplégico, mas estou muito feliz e, creio eu, estou muito longe da grandeza espiritual da Irmã Dulce, não tenho nada a me queixar, e sim agradecer; eu creio que ela também terá sentido muita felicidade ao se ver libertada do corpo doente.

Se ela puder – eu compreendo -, ela, sendo possível, nos auxiliará.

Transcrição Parcial da entrevista concedida à TV Manchete, de Uberaba, 
Minas, em 11 de maio de 1992 - Anuário Espírita - 1995

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