É muito comum avaliarmos a grandeza de um coração, basean-do-nos no comportamento e atitudes
tomadas pelo seu portador. Ledo engano, não passa ele do tamanho de um punho fechado e pesa em torno de 400 gramas.
Fulano tem um grande coração, o que encerra dizer que ele é bondoso, caridoso, amável, piedoso, sempre
solícito pronto a aju-dar e perdoar, distribuindo simpatia e espalhando alegria ao seu redor, amando... Beltrano não tem coração; é mau, insensível à dor do próximo,
rancoroso, egoísta, intolerante, egocêntrico, etc...
Assim dito, acho que devemos nos esforçar por ocupá-lo com sentimentos louváveis, não deixando
espaço para os pecaminosos. Ofereçamos flores aos que nos atiram pedras, perdoemos aqueles que nos ofenderam, estendamos as mãos àqueles que um dia
nos viraram as costas, amemos ainda que sem sermos amados, ajude-mos os carentes e teremos assim um grande coração, embora per-maneça ele dentro das
dimensões normais.
Façamos uma consulta a nós próprios e avaliemos o volume do coração que bate em nosso peito. Quero
ter um imensamente gran-dioso, despido de melindres e louváveis requintes, sem por-tas, sempre aberto a agasalhar aos que sentem frio, consolar o afli-to,
levar uma palavra de alento ao desesperançado, incapaz de magoar intencionalmente algum semelhante.
Digo isso por sentir-me triste vendo alguns poucos corações apequenados à minha volta, tendo pena e lamentando
por eles. Quão bom seria tivéssemos, todos nós corações, incomensuravel-mente grandes, ainda que, na realidade, do tamanho de um punho fechado e pesando
em torno de 400 gramas.
(Escrito com meu pensamento voltado para Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce e Chico Xavier)
Ary Franco (O Poeta Descalço) São Paulo - SP
Fundo Musical: Marea Baja
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