Carta a minha Mãe


Minha querida mãezinha.
Que mora em meu coração
Aqui nestas poucas linhas
Relembro com emoção.
O tempo bom ao seu lado
Singela recordação.

Feito em panela de ferro
O seu arroz temperado.
Com queijo bem derretido,
Aquilo era um pecado
Eu brigava pra raspar
Da panela o pregado.

A gostosa malassada,
A tal cabeça de galo,
A comidinha de mãe,
Que era o meu regalo...
E a farinha de pipoca?
Com ela ainda me entalo!

Lembro você costurando,
Pra vestir suas mocinhas,
E sempre nos ensinando
Chuleados e bainhas.
E nos bailes da cidade,
Bailávamos como rainhas.

Mulher atualizada
Pra nossa felicidade.
Nossas vestimentas tinham
O tom da modernidade.
Shorts e mine-saias
Estreamos na cidade.

Namorar não foi problema,
Tínhamos a permissão.
A sua cumplicidade,
Tirava-nos da aflição.
Pois tendo pai bem severo
Você era a salvação.

A nossa maior riqueza
Era nossa alegria.
E com certa liberdade,
Dona vida nos sorria
E você, minha mãe,
Era nossa garantia.

Poderia falar mais.
Pois vai longe nossa história,
Mas quero dizer apenas.
Você foi e é nossa gloria,
E responsável direta
Por nossa luta e vitória.

Aqui fico mãe querida,
Desejando de coração
Que cada filho seu tenha,
Minha mesma gratidão
E lhe apoiem na velhice
Estendendo-lhe a mão.

Dalinha Catunda




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