Minha Mãe, minha Mestra


     Mãe, você foi uma mulher que soube cuidar de seus filhos, aconselhá-los e fazer deles pessoas de bem.


     Com você aprendi a enfrentar a vida e não ter me-do de nada; aprendi o que é PERSISTÊNCIA, ao me ar-rastar, literalmente, para a escola durante os quatros anos do curso primário.

     Mostrou-me o que é AMOR, obrigando-me a fazer, por anos e anos, exercícios que acabaram por me cu-rar do estrabismo; e o que é fé, ao varar a noite ajoe-lhada  ao lado  do  meu leito, pedindo a Deus em voz alta, para que eu não morresse.

     Mãe, você me ensinou a ser ORGULHOSA. Dizia que eu deveria ter orgulho das pequenas vitórias do dia-a-dia, e que deveria ter o mesmo orgulho nas derro-tas. Sua frase  preferida era: "Derrotado é aquele que nunca tentou e não aquele que não teve êxito em sua tentativa".

     Você me fez ser VAIDOSA. Com carinho mostrou-me como lapidar os meus defeitos e assim cada vez mais enfeitar o meu espírito.

     Ainda ouço sua voz dizendo: "Filha, só se encontra a gema, depois que o brilhante for muito bem lapida-do."

     Você foi meu ANJO PROTETOR. Ao dar meus pri-meiros passos na estrada da vida, você segurou minha mão e me indicou o caminho a seguir.

     Você foi "MÁ"! Deixou-me cair mesmo podendo ter me segurado. Com os joelhos esfolados, fui chorar em seus braços. Não recebi o abraço esperado e ainda ouvi: "A dor fortalece a alma." Você foi SÁBIA! Ensi-nou-me como levantar e continuar caminhando, ape-sar da dor e dos ferimentos provocados pela queda.

     Você foi "DURA"! "Quando lhe contei que Rita tinha síndrome de Down, esperava um "colinho" e, ao invés disso, ouvi: "Muriel, deixa de ser covarde, pára de chorar, lágrimas não curam ninguém,vá para casa, vá cuidar de sua filha!"

     Magoada, fui para casa.

     Só muito tempo depois é que compreendi que a alavanca que me impulsionou a não desistir de cuidar da minha filha foram suas palavras.

     Você mostrou o que é RESIGNAÇÃO, mesmo saben-do que estava com câncer nunca se queixou ou recla-mou.


     Você foi CARINHOSA para comigo, entre tantos filhos, fui eu a escolhida para acolhê-la, e passar jun-to com você seus últimos momentos.


     Você foi PACIENTE! Naquela tarde de outono, você esperou que eu a abraçasse, para morrer docemente em meus braços.

     MÃE, obrigada por tudo que você me ensinou.

     Se hoje a Rita é o que é, eu devo a você, eu sou a mãe que você fez de mim.

Muriel E. T. N. Pokk
Registrado em cartório




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