Livro Encontro IX - Ano de 1987 -
Poesia classificada em 3º lugar
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É preciso que do recôndito vá ao infinito
Esta sensação de uma suave tristeza
Que sob um chuvisco se confirma.
É preciso também que haja harmonia
Nesta com as lágrimas da chuva,
Em direção às brancas nuvens de outrora.
É preciso que se convença da dinâmica
Que atinge a tudo sem distinção,
No desenrolar do imutável tempo.
É preciso recordar as sonâncias de um dia,
Amadurecendo-se inexoravelmente,
Aprendendo mais uma lição da vida.
È preciso principalmente compreender
Qualquer ato que seja, sem radicalizar-se,
Fazendo da tristeza uma transição apenas.
É preciso que a expansão íntima seja silente,
Sem ferir nada e a mais ninguém,
Que assim a grandeza será confirmada.
É preciso que se proclame isto:
Não é preciso dizer, nem escrever nada
Quando se detém um puro amor.
É preciso sentir a fome para compreender
O valor considerável do alimento,
Que abranda o estômago agonizante.
É preciso não ter medo do trovão, nem raios -
Pois eles fazem parte da chuva -
Que revitaliza orvalhando a paisagem.
É preciso estar cansado para se deitar,
E agradecer pelo aroma delicioso do travesseiro,
E o frescor do lençol que aliviam.
É preciso compreender que o consolo do sono,
É uma morte aparente que não percebemos
No despertar de um outro dia.
É preciso então nisso tudo decidir:
Qual a melhor maneira e escolher,
Pois o tempo não permite retrocesso.
É preciso... É preciso compreender o bem.
E, se tal bem, agora não for feito,
Talvez não tenhamos nova chance de fazê-lo !
Formatação de Carlos Roberto Lemberg
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