Livro Encontro VIII - Ano de 1985 -
Poesia classificada em 1º lugar
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Deixe
que o seu sorriso se magnetize em torno de seu rosto, refletindo
como as auroras polares - boreais e austrais.
Deixe que as lágrimas se escoem mansamente
como pétalas de flores caindo, numa tarde serena.
Deixe que a saudade entre em seu coração
como um velho amigo reencontrado e recorde experiências...
algumas tristes na época, mas hoje nem tanto...
Deixe que as sua presença seja simples
como a brisa nos campos, muitas vezes trazendo olores primaveris
e suavidades crepusculares.
Deixe que os seus passos sejam lentos mas firmes,
caminhando na sublime estrada da vida,
que não tem declives.
Deixe que as ilusões povoem seu coração, mas não a cabeça;
e os seus pés firmes no chão
como uma grande árvore florida: com ninhos, colmeias e borboletas.
Deixe que a semana passe.., não a ponto de ignorá-la
como faz um avião supersônico ao passar pro uma bela paisagem.
Faça como o bando de pássaros - circulando - rodopiando - bailando -
seguindo sua migração.
Deixe que a sua voz seja sempre esperada pelos outros,
como é a música do amanhecer, orquestrada pelos pássaros.
Deixe que do seu gesto emane paz
como os raios do sol, num inverno, que ilumina e aquece.
Deixe que a sua lógica avance além do ADN - dos quekes
- da 4ª dimensão -
da arqueozóica - da metafísica,
mas que seu íntimo seja um "terminal" direto da "central" do amor!
Deixe-se crescer por dentro, e esta grandeza que nasce na humildade
o transforma num gigante
como a semente intumescida que germina.
Deixe que a beleza interna se processe,
e com o seu zelo faça
como a inculta ostra que cria a preciosa pérola.
Deixe um pouco de si - não passe como um número apenas - alguma coisa
que justifique a sua passagem,
algo que expresse que não foi inútil de todo,
e que a sua presença foi tão importante
que alguma coisa mudou para o bem, que aperfeiçoou,
que fez mais alguém feliz...
Deixe que o seu olhar percorra lentamente,
perscrutando cada detalhe
como se fosse morrer daqui a pouco (o que é a certeza da vida).
E quando o inevitável chegar...
O seu silêncio será belo como o orvalho da manhã que cintila
sem fazer nenhum ruído...
...E uma doce saudade nascerá!
Formatação de Carlos Roberto Lemberg
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