Livro Encontro IV - Ano de 1982 -
Poesia classificada em 1º lugar
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O
homem é uma jazida.
Para tirar pedras preciosas dela
basta outro homem.
Porém, nada se tira do homem, o próprio homem,
senão aquilo que o homem permitir,
de cascalho a grandes pepitas.
Pois, eis que surge o poder.
São vários homens
a invadir, a querer tomar tudo do homem.
A beneficiar, não todos os homens, mas o próprio poder.
Então, o homem cai em si e se fecha.
Esconde suas gemas, sua riqueza, seu valor.
E o poder insiste.
Promete, adianta, subverte.
Fascina, atemoriza, ameaça.
E o poder corrompe.
Mostra as janelas, portas e caminhos,
porém, marcados, vigiados, seguidos.
E o homem não se acha mais homem.
Camufla sua jazida, esconde seu filão
e traja-se de homem, um travesti.
E se apercebe disso o poder.
Quer voltar para o seu interior, sua mina.
E o poder garimpa, nova e insistentemente, procura
suprir a pedra que falta por uma outra falsa, bijuteria.
Tenta fechar o círculo do poder.
O homem reencontrou o homem.
Podem tirar o homem do poder
mas não tiram o poder do homem.
Do homem tiram a vida mas vai com ele a jazida.
Formatação de Carlos Roberto Lemberg
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