Recebi em 14/09/2005
Índios na Província de Goyaz
Autor: Valeriano Luiz da Silva
Filósofos como “Rosseau,
Montaigne e Diderot”
Sobre os índios brasileiros falaram
E teceram comentários...
Mas vou me ater aos índios da minha terra...
Muitos desapareceram, outros não têm reservas,
O Bandeirante quando aqui chegou...
Com fogo os ameaçou
Querendo tornar os índios escravos
Bartolomeu quis mostrar-se bravo
Os índios Goiá e Araés foram adestrados
Gritando “Anhanguera, Anhanguera” assustados...
Goiás terra dos Kakriabás
Morada dos Akroás
Onde já foram livres os Karajás
Antes de o bandeirante aqui chegar
Caçavam e pescavam os Carijós
Não eram vigiados e andavam sós
Desfrutavam da natureza os Javaés
A terra era também dos Naudezes
Mas chegou certo instante
Mataram nossos xavantes
Hoje são poucos os restantes
Tudo começou por causa do ouro abundante
Onde estão nossos Caiapós?
E o ouro que era encontrado como pó
As terras precisavam ser colonizadas
Mas não com roubo, morte ou pancadas,
A Capitania de Goiaz
Mostrou-se incapaz...
De proteger nossas aldeias
E a maioria virou pó e areia
O que fizeram dos bons selvagens...
O branco fez das matas lindas pastagens
Pois sempre levou vantagem
E até pra matar índio arrumava coragem
O terceiro milênio chegou
Para os índios nada melhorou
Para que o futuro do índio não seja perverso
É preciso breve reverso
Enquanto o homem só pensa no progresso
Há tribos que só renasceria por incesto
Mas entre os índios o incesto é pena de morte
Para um ou dois índios ter famílias só se for por sorte
Talvez tornemos humanistas
Como Marechal Rondon grande sertanista
Que substituiu o ódio pela ternura
E a suspeita pela confiança destas criaturas
Ou sigamos os Irmãos Villas Boas
Duas gentis pessoas
Que por longa jornada
Suas vidas aos índios foram dedicadas
“Goyaz” nome da antiga província
Valeriano Luiz da Silva
Anápolis-Go, 27/07/2005
valerianols@globo.com
www.albumdepoeta.com
Índios...Injustiça Social
Augusta Schimidt
Diferença cultural
Desigualdade social
Dificuldade de distribuir
Com justiça o seu fruto
Sua lida pela vida,
Empobrecida...
Quando tudo começou
Uma esquadra na praia atracou
Com a tribo nativa barganhou
E foi assim que o Brasil começou...
Hoje...
Pataxó, Ianomâmi, Cariri
Xavantes, Tupinambá, Tupi Guarani,
Perde a terra
Perde o sonho
De viver no paraíso
Sente a fome,
Sente a sede
E nem dorme mais na rede
Não tem mais porto seguro,
Só tem o céu escuro
Sem paz e sem ar puro.
E a vida nativa,
Sem as flores da esperança
Sem as claras cachoeiras
Se perde na ribanceira
Desse mar selvagem
Da descrença brasileira.
Campinas /SP /07/06/2005 10.00hs
www.augustaschimidt.prosaeverso.net
Amigo Carlos, encontrei...HOSANAS...
Abraços fraternopoeticos, Marcial
Este, reputo como um dos mais belos textos de nosso pranteado amigo...
Peço confirmar se chegou "Inteiro"...
FRATERNIDADE UNIVERSAL - NOSSOS INDÍGENAS
Marcial SalaverryDesde criança, sempre tive atração pelo modus vivendi de nossos indígenas sempre acossados e maltratados, perseguidos pelo sim-ples fato de serem os verdadeiros donos desta nossa terrinha.
Sempre me revoltei com a maneira pela qual os indígenas sempre foram tratados. Ora, eles já estavam aqui quando os europeus che-garam. Eles eram os donos da terra. Pelo menos é de se supor que o fossem, pois aqui estavam, embora não tivessem documentos comprovatorios da posse da terra. Talvez seja por isso que desde logo foram perseguidos.
Sempre houve tentativas para escravizá-los. Acontece que o natural espírito de liberdade dos índios, indispuseram-nos ao trabalho es-cravo. Deixavam-se morrer, mas não trabalhavam.
Até mesmo o trabalho de catequese, desenvolvido com a me-lhor das intenções pelos Jesuítas, poderia ser considerado preju-dicial para a cultura indígena, pois a Fé Cristã, que lhes era imposta pelos jesuítas, contrariava todos os dogmas pelos quais eles havi-am vivido desde há muitas gerações.
Bem, desde essa época, até os dias de hoje, praticamente nada mu-dou.
Os indígenas continuam sendo perseguidos, humilhados e maltrata-dos. De antigos donos da terra, hoje vivem confinados em Reservas Indígenas, teoricamente a eles destinadas.
Teoricamente, pois suas terras são constantemente invadidas por posseiros que querem cultivar, por madeireiros, que se dedicam à extração clandestina (interessante esse conceito de clandestinida-de, pois todos sabem que ela existe, sabem quem são os extratores, e nada se faz para puni-los, além de brandas multas, que não lhes pe-sam nos ganhos abusivos), e, como se não bastasse, também por garimpeiros, sempre em busca de um novo filão. Sendo que estes, são os mais violentos de todos, promovendo verdadeiras chacinas nas aldeias indígenas.
Quando os "silvícolas" procuram as cidades, é que a humilhação é completa.
São tratados como curiosidades, como animais num zoológico. E pior, como aconteceu recentemente numa rua de Brasília, são quei-mados vivos por jovens da sociedade, que promoviam "inocente" brincadeira... E depois eles é que são os selvagens... e nossa Justi-ça que liberta os autores de tão hediondo crime... não seremos nós, mais selvagens do que eles?
Gente, penso que é chegada a hora de se repensar na maneira de se tratar esses, que são os autênticos brasileiros. Que as autoridades, sobretudo a FUNAI (saudade de Vilasboas...), procure um tratamento mais condizente com sua condição de seres humanos (sim... apesar de índios, são seres humanos, por mais estranho que possa parecer a muita gente...).
Já ouviram falar em Fraternidade? Pois é. Os indígenas, por serem criaturas humanas, também, são filhos de Deus, também são nos-sos irmãos, merecendo portanto um tratamento condigno.
Sem dúvida alguma, é chegada a hora de se fazer algo em benefício dos verdadeiros donos da terra. É chegada a hora de se levantar a bandeira indígena. E isso sim, será um ato de verdadeiro patriotis-mo. Afinal estaremos defendendo os direitos dos mais autênticos brasileiros.
É ridículo falar-se em Fraternidade, vendo nossos irmãos indíge-nas, vivendo na triste situação em que se encontram. Vamos repen-sar tudo?Marcial Salaverry
Fundo Musical: Flauta Indígena