A ÚLTIMA ROSA!
José Geraldo Martinez
Tu eras jovem como eu.
Vendias flores aos
namorados...
Amigo, o tempo nos
envelheceu!
Estamos aqui, lado a lado.
Ainda carregas as tuas
flores...
Quantas de ti eu comprei?
Nas noites de boemia e
que aos meus
amores ofertei?
Parece, meu velho amigo,
que
vives a me
esperar...
Que eu oferte uma última
rosa,
para alguém que eu possa
amar?
Para que desapareças da
minha vida
porta à fora de qualquer
bar...
Sabes de uma coisa?
Dá-me um
botão das tuas cansadas mãos...
Serás o último a quem
ofereço!
Dou a ti, meu amigo, meu irmão...
Em tempo ainda agradeço.
Mantiveste em mim toda
ilusão e desta
sou o dono. Não tem
preço!
Achei quem amo, numa rosa
que ofertei.
E tu, das flores, quem
amas, cidadão?
Guardas ainda em teu peito
qualquer
réstia de ilusão?
No teu sorriso, não
vejo pesares!
Há de esperar-te uma dona
rodeada de filhos felizes
e um
canteiro inteiro para
regares...
Vai com Deus, meu amigo,
leva este botão contigo!
Entrega a um jovem
qualquer pela
estrada,
cujos sonhos fluem dos
olhos brilhantes,
olhando a moça que chega
de qualquer
canto, como d'antes
eu olhava o amor que
buscava!
Homem das Flores!
Theca Angel
Na pureza de teu olhar, eu vi
a tua vida desfilar...
Assim como as rosas que trazias nas
mãos
e oferecias como um gesto de
amar!
Vi o garoto franzino a correr,
de pega-pega pelas ruas, livre a
brincar
ou talvez, imaginando-se um pássaro,
uma pipa, esvoaçando no
ar...
Vi o rapaz, com um brilho diferente no
rosto.
Nos lábios, estampado o sorriso
gostoso...
A esperança se fazendo
presente
em tuas palavras, sem
percalços...
O amor derramando-se de teu
coração!
Vi tudo isso desfilar, num único
olhar!
Ele, esse olhar, falava das mil idas e
vindas,
do trabalho incessante para
alimentar
os frutos que de teu amor, soubeste
colher.
Vi-te criança, rapaz e homem
feito!
A pele de teu rosto enrugar-se com o
tempo,
o brilho no olhar aos poucos
esvanecendo...
Tudo estava ali, naquele único
olhar!
As rosas em tuas mãos, mantendo o
perfume,
ainda que de teu corpo já emanasse o
queixume
por tantos anos deste madrugal
caminhar...
E... as tuas rosas não aceitei,
mas acredite,
assim que foste, uma dor aguda
bateu
e me senti tão pequena diante de
ti.
De tua grandeza ao me
agradecer
mesmo pelo nada que pude
querer,
nem mesmo a rosa que me estavas a
ofertar!
Homem das Flores...
Não sei de onde vens,
mas em teu sorriso eu pude um dia
ver
e em teu olhar que eu tive a ventura
de cruzar, encontrei
a simplicidade e a força dos que
sabem viver,
sem da vida, nunca exigir
além do que ela possa
oferecer.
Homem, menino, enamorado
rapaz...
Tua vida cercaste pelas rosas que
carregas!
Pelo perfume que delas exala
Continua tua oferta aos
enamorados.
Quem sabe ainda tenhas muito a
caminhar
e transmitas a quem contigo tiver a
felicidade de cruzar
toda a imensa doçura que emana de
teu olhar!
Quando na juventude
tive rosas
oferecidas
na minha incompletude
deixei-as só e
fenecidas.
Nunca acreditei
na tua importância
e nem meditei
na tua militância.
Porém hoje, anos
passados
fico a imaginar...
como as rosas
ofertadas
meus olhos fizeram
brilhar...
Talvez por não ter
entendido
a linguagem de tuas
rosas
eu tenha me perdido
e ficado muito
prosa...
Como eu gostaria,
mancebo,
de saber o que de ti foi
feito...
Flores não mais
recebo
e nem mais
enfeito
as minhas jarras com
elas
pois de túmulo elas me
lembram
apesar de achá-las tão
belas.
Porém... dentro do meu
coração
tuas rosas eu
guardei
afirmo com grande
emoção
são as que mais
gostei.
Por ele me foram
ofertadas
quando juras de amor
eram por nós trocadas
e digo, com louvor:
de ti foram compradas
delas ainda sinto o
frescor.
Meu caminho percorri
ele... outra
estrada seguiu
porém nunca esqueci
o que tu me permitiu:
sentir naquele
momento
o sonho que nos uniu
pra sempre,
em pensamento...
Fundo Musical:
Serenata - Enrico Toselli
SERENATA (Enrico Toselli)
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