Pré-verão - Sandra Fayad / Invernovera - Antônio Fonseca

 
Pré-verão
Na velocidade máxima, o ventilador
Faz cócegas no meu corpo ardente.
No insuportável desconforto do leito
Me desalinhado no ninho de calor.
– Ai, que ar quente!
 
No limite mínimo da capacidade,
Pulmões, em descomunal esforço,
Sem forças, de O2 sentem saudade,
Querem gotas brotando do ar.
- Cadê um poço?
 
Já choveu no começo da primavera,
Até antes disso escorreram veios do céu
No Planalto Central do Brasil,
Desnudando nuvens cinzas no véu.
Bons tempos!
 
Chove agora no fim de outubro.
Graças a Deus! Ainda bem que chove...
Chuva rápida, esporádica, ansiada.
É tira-gosto: chega às oito, sai às nove.
Será que volta?
 
Quando o Planeta acabou em água,
Deus conversou com Noé, o Profeta.
Com informação privilegiada,
Matrizes espertamente saíram da reta.
Que sorte!
 
Se Deus eleger outro premiado agora,
Bem que poderia me dar uma chance
De não ficar esturricada como tamanduá.
Quem sabe ofereço um bom lance...
Pra não cair no inferno?
 
Chega da secura do inverno!
Quero primavera molhada,
Quero chuvas de pré-verão,
Quero cheiro de terra aguada!
Vazão!
 
Sandra Fayad
Brasília - DF - 21/10/2007
 

Invernovera
Estou num inverno em plena primavera,
completamente o oposto daí.
Sinto o seu desespero na espera
Dos pingões de chuva daqui.
 
Saio de casa de guarda-chuva e galocha,
mesmo assim de volta; ensopado...
O sol dos dias passados quase me tosta,
Chuva lá fora, chuveiro cá dentro; ensaboado.
 
Vem pra cá! Deixa o sol tostando o congresso.
Minúsculo de ética e vergonha na cara.
Venha; aqui tem chuva e progresso,
Falcatruas e sol forte são coisas raras!
 
Antônio Fonseca
Betim - MG - 22/10/2007



Fundo Musical: Estão voltando as flores
 
Formatado por
Carlos R. Lemberg - 24/10/2007
Com carinho para a amiga Poetisa
Sandra Fayad
 
 
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