Recebi da Poetisa Rivkah em 15/03/2006
Tal qual um cavalo
anônimo, exilado,
sem dono,
secretamente fotografado,
sem estábulo
anoitecendo em frias madrugadas,
queria sair em disparada,
sobrevoando a dor em busca de colo,
em direção ao nada
sem a precipitação do pensamento,
com a certeza de não retornar..
Anoitece e o coração soluça a esperança ausente...
Tal qual o vento
te degusto em sabor antecipado,
que a qualquer momento
retornará pensando em ti...
a crina vem acariciar,
enxugar as mãos suadas...
queria passar batido,
escondido de palavras vagas,
sem compromisso de voltar..
Simplesmente ser metade acorrentada aos teus impulsos (in)contidos...
Tal qual criança
atordoada entre sentimentos (des)conhecidos,
com pressa de brincar
me debruço no tempo sem ponteiro...
queria no papel fazer uma seta
para nela atravessar a correnteza da nostalgia,
e sem lembranças,
sem ruídos e receios,
me dirigir para lá..
Aprenderia a transformar o amargo em suave roçar de lábios...
Não sou cavalo,
necessito de tuas mãos no percurso a sustentar meus passos,
muito menos o vento..
Interrompo a imaginação na exaustão inexplicável de tuas apressadas razões...
Como sonhar não é pecado,
grito o prazer naturalmente escorrendo de teus olhos...
desenho minha vontade de não pensar..
Importa abraçar o desejo transfigurado,
enquanto tua (in)diferença persistir em sombras abafadas...
Importa a opção da entrega na entreaberta essência de ser...
rivkahcohen
15.03.2006 - 18:26h
(resomar)