Mãe,
Deixa-me beijar a solidão que me
restou...
Nada será capaz de amenizar o suor que escorre da
alma...
Fui tocado pela cura do
tempo...
Já não temo o ar
envenenado...
Por que a preocupação com o
amanhã?
A vida a bebo sem
sede...
E se o mormaço me sufocar saberei contornar o avesso
da dor...
Quantas perguntas
!
A saudade de não ter conseguido te
abraçar
me deixou
alucinado!
Já não tenho mais
sonhos...
As travessias interrompidas romperam
possibilidades...
A margem vislumbrada em fotografias emudeceu
...
Carrego no corpo marcas de
violência...
Cicatrizes abertas
escorrem...
Faces baixas ignoram a ternura de que preciso...
O papelão costurado protege a madrugada e o medo
de não regressar a este pedaço de terra molhado pelas
lágrimas
que não consigo estacionar em teus sentimentos de aparentes
contradições...
Mãe,
Há verdades
não reveladas...
Há razões desencontradas nesse teu jeito
de
ser...
Deixa-me aqui caído contemplando o silêncio
e a emoção de poder sobrevoar com asas feridas...
10.05.2006 - 17:50 (resomar)
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